Centeno responde a Draghi: agiremos se “as coisas ficarem piores”

O presidente do Eurogrupo lembra que a economia da zona euro ainda está a crescer. Ainda assim garante que os governos “estão prontos a agir”

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LUSA/KIMMO BRANDT

A responder a Mario Draghi que na véspera apelou a que os Estados agissem atempadamente para ajudar a economia, Mário Centeno, em nome dos governos da zona euro, disse que vão agir, mas apenas se se confirmar que as economias estão realmente a entrar em crise.

Em declarações à imprensa a seguir à reunião de ministros das Finanças da zona euro que decorreu esta sexta-feira em Helsínquia, na Finlândia, o presidente do Eurogrupo disse que os países “estão prontos a agir”, mas salientando que tal acontecerá “se os riscos se materializarem e as coisas ficarem piores”.

Mário Centeno tentou ainda dar uma nota de optimismo, afirmando que “de uma forma geral, apesar de toda a incerteza, mantemo-nos positivos em relação à economia da zona euro, que ainda está a crescer, apesar de a um ritmo mais lento”.

Na véspera, em Frankfurt, depois de ter anunciado mais uma série de medidas monetárias expansionistas destinadas a fazer face ao que diz ser a deterioração da conjuntura e o risco de desvio acentuado da inflação face ao objectivo, o presidente do BCE repetiu por diversas vezes que é tempo de os governos, com políticas orçamentais mais expansionistas, colaborem com o BCE na tarefa de reduzir os riscos de recessão na economia.

“O crescimento que aconteceu nos últimos seis/sete anos na economia da zona euro foi praticamente todo justificado pelo que foi feito pela política monetária. Já é tempo de a política orçamental tomar conta da situação”, lamentou o presidente do BCE, naquele que foi o apelo mais forte à acção dos governos por si realizado durante o seu mandato, que acaba no final do próximo mês de Outubro.

Draghi distinguiu o que deve ser feito pelos países de acordo com a sua situação orçamental presente. No caso dos Estados com espaço de manobra orçamental, estes “devem agir de uma forma efectiva e atempada”, disse. Ao passo que relativamente aos países com uma dívida pública ainda muito elevada, o líder do BCE recomendou “prudência, para que seja possível os estabilizadores automáticos funcionarem”.

O apelo para mais acção de Draghi não se destina assim especificamente a Mário Centeno como ministro das Finanças português, mas é claramente direccionado a Mário Centeno como presidente do Eurogrupo.

Este último lembrou a experiência da última crise para, aparentemente, mostrar a capacidade dos líderes europeus para responderem aos desafios deste tipo. “Na última crise, fomos capazes de encontrar um equilíbrio na nossa resposta global, combinando política orçamental, reformas estruturais ao nível nacional e da UE e também a política monetária. No futuro, perante uma nova crise, teremos de encontrar um novo equilíbrio, e a política orçamental irá certamente desempenhar o seu papel”, disse Centeno, citado pela Reuters.

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