Bolsa de Londres rejeita oferta de 33 mil milhões da bolsa de Hong Kong

Praça asiática fez uma oferta inesperada de 29,6 mil milhões de libras (cerca de 33 mil milhões de euros) a Londres. Dois dias depois, chega a resposta: “Não”

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Reuters/STEFAN WERMUTH

A bolsa de Londres rejeitou esta sexta-feira a proposta de compra de 29,6 mil milhões de libras (cerca de 33 mil milhões de euros ao câmbio actual) apresentada pela Hong Kong Exchanges & Clearing (HKEX).

Segundo o comunicado divulgado no site do London Stock Exchange Group (LSEG), a proposta surpresa feita pela bolsa de Hong Kong era “preliminar e altamente condicional”. A direcção do LSEG mostra-se preocupada com alguns problemas da oferta no que diz respeito a “estratégia, concretização, modelo de negócio e valor”.

No email enviado a Hong Kong, e divulgado na mesma página, o LSEG afirma que esta não é a melhor opção para o seu “posicionamento a longo prazo na Ásia”, valorizando a sua actual relação com a bolsa de Xangai. Adicionalmente, considera a proposta de investimento “diferente e muito menos atraente” para os seus accionistas.

“Assim, o conselho de administração [da LSE] rejeita de forma unânime a proposta condicional [da HKEX], e, dadas as suas falhas fundamentais, não vê mérito” em futuros desenvolvimentos sobre a questão, sublinha. 

No email, o grupo é bastante crítico da gestão da HKEX, defendendo que a “direcção invulgar” da praça asiática e a “relação com o governo de Hong Kong” poderiam complicar a operação, duvidando assim que “a implementação da transacção” fosse simples. Para além disso, o LSEG pensa que os “processo de aprovação” seriam “exaustivos” e que o “apoio das partes relevantes [ao negócio] envolvidas, vitais para a transacção, é altamente incerto”, o que “seria um risco” para os accionistas. 

No mesmo email, o grupo refere que este negócio iria prejudicar a compra da Refinitiv (controlada pela Blackstone, tendo a Thomson Reuters como accionista minoritária), fornecedora global de dados e infra-estrutura de mercados financeiros. O LSEG aproveita o comunicado para assegurar que aquela transacção “continua no bom caminho”. Na opinião da administração da LSE, a compra da Refinitiv trará muito mais valor para a bolsa de Londres do que aceitar a proposta asiática.

Charles Li, chefe executivo da HKEX, não é da mesma opinião. De acordo com o Finantial Times, Li alega que a sua proposta é superior ao acordo com a Refinitiv porque permitia que as duas bolsas beneficiassem dos crescentes vínculos entre o mercado de capitais da China e o resto do mundo.

O anúncio da oferta surpresa da bolsa de Hong Kong à bolsa de Londres foi feito na manhã de quarta-feira, 11 de Setembro. No entender da bolsa de Hong Kong, uma fusão entre as duas bolsas seria uma “oportunidade financeira altamente atraente para criar um líder no mercado global”.

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