Quatro estreias fecham programação dos 20 anos do Teatro Viriato

As transmissões ao vivo da temporada da Metropolitan Opera de Nova Iorque vão continuar a passar no Teatro Viriato.

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Adriano Miranda

Quatro estreias, uma delas na ópera, e três reposições de espectáculos que marcaram os 20 anos do Teatro Viriato destacam-se na programação do próximo ciclo desta sala de Viseu, anunciou na quinta-feira a sua directora, Paula Garcia.

A coreografia Last, da Companhia Paulo Ribeiro, Vão, da Companhia Erva Daninha, a Viagem a Portugal, do Teatro do Vestido, e uma ópera contemporânea, Akhnaten, de Philip Glass, são as estreias do último ciclo da temporada de 2019 do Teatro Viriato, em Viseu, adiantou a directora.

Last, a nova produção de dança da Companhia Paulo Ribeiro, que celebra 20 anos de residência artística nesta sala de espectáculos de Viseu, é inspirada numa obra de Beethoven e acompanhada por um quarteto de cordasSegundo a directora do Teatro Viriato, Paula Garcia, coreografar os últimos quartetos de Beethoven, as suas derradeiras grandes composições, “é um exercício bastante difícil”, uma vez que se tratam “das obras mais difíceis de serem interpretadas”.

Last, que é uma co-produção do Teatro Municipal do Porto, do São Luiz Teatro Municipal e do Teatro Viriato em Viseu, sobe a palco nos próximos dias 19 e 20.

Paula Garcia, na apresentação da programação para este quadrimestre, destacou também o regresso da Erva Daninha, “que foi desafiada, através da rede Cinco Sentidos, a desenvolver este trabalho”, que sobe ao palco ainda em Setembro.

“Vão circular por todas as casas da rede [Cinco Sentidos], mas a estreia é no Teatro Viriato, a 28 de Setembro. Em palco vão estar dois intérpretes e dois autores, o Vasco Gomes e o Leonardo Ferreira, que é um português com uma formação numa das mais prestigiadas escolas de novo circo da Europa, o CNAC [Centre National des Artes du Cirque], em França, onde é muito difícil entrar, e ele está de regresso a Portugal e apresenta-se neste trabalho”, destacou.

A Viagem a Portugal, marcado para Dezembro, “é da artista residente no Teatro Viriato”, a actriz, dramaturga e encenadora Joana Craveiro, directora artística do Teatro do Vestido, que “apresenta um trabalho sobre Portugal, sobre a sua história e sobre as histórias sociais, geográficas e políticas num país, pós 25 de Abril”.

Nesse sentido, “a artista faz entrevistas na cidade” de Viseu, envolvendo o meio num processo de investigação, característico do seu trabalho.

Três reposições

No campo das reposições, Paula Garcia explicou aos jornalistas que o Teatro Viriato foi “buscar projectos que, de alguma forma, foram emblemáticos na relação com os mecenas e com a sociedade civil”, até porque, no entender da directora, “o mecenato é uma forma de as empresas investirem na cidade e nos viseenses”.

A Caixa para Guardar o Vazio, da escultora Fernanda Fragateiro, que em 2005 foi desafiada pelo então director do teatro, Miguel Honrado, a criar uma “performance” para o espaço do Lar Escola Santo António, em frente ao edifício do teatro, regressa ao mesmo lugar, e agora com a promessa de uma digressão nacional e internacional.

Viajantes Solitários, um espectáculo de 2015, também de Joana Craveiro, que viajou pela Europa, é outra das reposições. “Construído a partir de uma extensa recolha de histórias de vida e da estrada de camionistas”, o espectáculo acontece “dentro de um camião”, estacionado à frente do Teatro Viriato. Depois da apresentação em Viseu, também rodou por Espanha, Suíça e Itália.

A Voz do Rock é o terceiro projecto a regressar à programação cultural, por desafio do Teatro Viriato, com a presença da viseense Ana Bento, depois de se ter apresentado em 2014, no claustro do Museu Grão Vasco.

“Desta vez o convidado de Ana Bento, e do seu grupo Avós do rock, é Kalu, um dos mais emblemáticos bateristas de Portugal”, o nome que, no seu currículo de 40 anos tem os Xutos & Pontapés, e que também fez parte do Palma's Gang.

As transmissões ao vivo das encenações da temporada do teatro da Metropolitan Opera de Nova Iorque continuam a passar no Teatro Viriato, uma vez que a direcção renovou por mais um ano o contrato estreado no ano passado, perante a adesão surpreendente do público.

“Não estávamos à espera que as óperas atraíssem pessoas de fora de Viseu, e que passam a noite num hotel da cidade, para virem [assistir]. No início não foi muito óbvio para nós, mas depois entendemos, porque, no centro norte do país, a única estrutura que está a apresentar a transmissão da ópera [do Met] é o Teatro Viriato”.

“Só em Lisboa, na Fundação [Calouste] Gulbenkian, é que é possível assistir”, disse Paula Garcia, aludidindo às transmissões do Met, em Nova Iorque, integradas na temporada de música da Fundação.

Os espectadores chegam “principalmente de Braga, Porto, Vila Nova de Gaia, Aveiro, Coimbra e Guarda”, e deslocaram-se à cidade de Viseu para assistir ao “pacote” de 12 óperas da última temporada. Agora espera-se que “marquem presença nas 10 [óperas] deste novo ciclo”, uma vez que “é um público que vai crescendo de ópera para ópera”.

Ao longo dos quatro meses de 2019, sobem ainda ao palco do Teatro Viriato outros espectáculos como Space Quartet, de Rafael Toral, as Sequências Narrativas Completas, de João Sousa Cardoso, Do Bosque para o Mundo, a peça de Inês Barahona e Miguel Fragata sobre a situação dos refugiados, e Parasomnia, de Patrícia Portela, a partir de um ensaio e esboços de Acácio Nobre.

Na área da dança, marcam presença Paula Varanda, Clara Andermatt e Mickaella Dantas, Flora Détraz, Yola Pinto e Simão Costa, Madalena Victorino e Ricardo Machado, Sara Anjo e Joana Lopes, com Lander Patrick, além do projecto conjunto do escultor Rui Chafes e da coreógrafa Vera Mantero, “comer o coração em cena”.

20 anos da C.ª Paulo Ribeiro

Last, a nova criação de dança da Companhia Paulo Ribeiro, que celebra 20 anos de residência artística nesta sala de espectáculos de Viseu, é inspirada numa obra de Beethoven e acompanhada por um quarteto de cordas. "Colocar em paralelo a música e o corpo, com todo o seu movimento, torna difícil imaginar se será a dança a revelar as características intrínsecas da música, como se a traduzisse; ou a música que enaltece os movimentos do corpo e o dirige numa gestualidade musical”, descrevem os criadores de Last, São Castro e António Cabrita.

Esta criação “totalmente dedicada à relação entre o corpo humano e a música” abre a nova temporada da companhia. “Tal como os antepassados acreditavam, a música torna os sentimentos visíveis, os movimentos reais: ouvimos a música, criamos a dança. Enaltecemos esta relação eterna e inevitável, mantendo a sua individualidade”, continuam os autores que se inspiraram na “poética e [na] ousadia” de Beethoven.

Last nasce a partir dos últimos quartetos de cordas de Beethoven, designação normalmente associada aos opus 127, 130/133 e 135, do compositor alemão (Quartetos n.ºs 12 a 16 e Grande Fuga). Sequências destas obras, deverão constituir assim o “principal condutor da coreografia” apresentada por cinco bailarinos que dão corpo a este espectáculo que surge também como uma forma de celebração, em 2020, dos 250 anos do nascimento do chamado Mestre de Bona. Sob a direcção de São Castro e António Cabrita vão estar em cena os bailarinos Ana Moreno, Ester Gonçalves, Guilherme Leal, Miguel Santos e Rosana Ribeiro, acompanhados, em palco, pelo Quarteto de Cordas de Matosinhos, composto por Vítor Vieira e Juan Carlos Maggiorani (violinos), Jorge Alves (viola) e Teresa Valente Pereira (violoncelo).

 

 

 

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