Chefes da urgência do hospital Garcia de Orta demitem-se

Ao todo, apresentaram a demissão dez chefes de equipa de urgência e “outros tantos” internistas. Segundo uma nota enviada às redacções, “este protesto deve-se à decisão do Conselho de Administração de retirar a Cirurgia Geral da presença física no serviço de urgência”.

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Rui Gaudêncio

Dez chefes de equipa de urgência e “outros tantos” internistas do hospital Garcia de Orta, em Almada, apresentaram esta quinta-feira a sua demissão conjunta numa carta enviada ao Conselho de Administração.

Segundo uma nota enviada às redacções pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna “este protesto deve-se à decisão do Conselho de Administração de retirar a Cirurgia Geral da presença física no serviço de urgência”.

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna acredita que esta decisão levará “a um esgotamento ainda maior dos internistas na urgência, para além de pôr em perigo os doentes do foro cirúrgico, que ficam dispersos numa amálgama de doentes ainda maior”, acrescentando que “espera que o Conselho de Administração reveja rapidamente a decisão tomada”.

“Esta atitude da medicina interna no Hospital Garcia de Orta deve merecer uma atenção especial, porque a medicina interna tem dado provas de enorme capacidade de trabalho e iniciativa, sendo considerada como exemplo no caso da Hospitalização Domiciliária”, lê-se na nota.

Insuficiência de recursos humanos 

Contactado pela agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, confirmou que “os chefes de equipa de Medicina apresentaram a demissão por insuficiência de recursos humanos”.

O SIM adianta que “vai fazendo chegar ao bastonário da Ordem dos Médicos as situações em que as equipas de urgência estão com um número de profissionais abaixo dos níveis desejados”.

Após o comunicado da SPMI, a dar conta das demissões, o Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta refere que um grupo de chefes de equipa do Serviço de Urgência Geral enviou na quinta-feira “uma carta ao Conselho de Administração, alertando para alguns problemas internos inerentes” àquele serviço, na qual “também fazia referência à possibilidade de demissão”.

“De imediato o CA [Conselho de Administração], na pessoa do senhor diretor clínico, recebeu o grupo e, nessa reunião, foram esclarecidas as dúvidas existentes e assumido o compromisso, por parte do CA, de adoção de medidas possíveis, neste momento, para ajudar a resolver as questões e as situações colocadas”, acrescenta a nota do Hospital Garcia de Orta.

Contudo, questionada pela agência Lusa durante sobre as demissões, na sequência de informações que chegaram à Lusa, o hospital respondeu nessa ocasião por escrito que “nenhum director de serviço do HGO [Hospital Garcia de Orta] se demitiu” nem nessa resposta se fazia referência à “possibilidade de demissão” que consta na nota enviada à noite.

Na resposta enviada por volta das 17h30, o hospital dava conta também da marcação de uma nova reunião para a “primeira quinzena de Outubro”.

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