Peça do Teatro Experimental do Porto sobre Cazuza sobe a palco em Matosinhos

A Cara da Morte Estava Viva estará em cena sexta e sábado no Teatro Constantino Nery.

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João Miguel Mota é o criador e intérprete do espectáculo SUSANA PAIXÃO

A peça A Cara da Morte Estava Viva, criação do Teatro Experimental do Porto sobre o músico brasileiro Cazuza (1958-1990), estreia-se na sexta-feira no Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery.

Criada e interpretada por João Miguel Mota, e com apoio dramatúrgico de Raquel S., a peça assenta “num esquema de concerto”, disse à Lusa o seu autor, e anda “na [sua] cabeça há uns 15 anos”. Parte de Cazuza para falar de uma “geração perdida” de artistas na luta contra a sida, nos anos 1980.

“Torna-se um espectáculo pessoal, porque parte de um gosto muito forte pela música do Cazuza, e depois alarga-se a autores também apanhados pela epidemia. Eu dou um contributo enquanto João, agora no século XXI, e muitas histórias também vêm do meu imaginário e da minha realidade”, descreveu.

Entre a interpretação de músicas e momentos de “discurso directo para o público, e outros mais de pensamento”, há uma discussão que se alarga, também “à temática queer e à questão da idade”.

Paralelamente ao universo de Cazuza, autor de músicas como Bossa Nova, com um verso que dá título à peça, Ideologia ou Brasil, a peça invoca nomes como Allen Ginsberg, o poeta da “beat generation” que morreu em 1997, ou Keith Haring, o graffiter que morreu em 1990, entre outros.

Além de “uma homenagem” a essa época e a “essa geração”, a peça quer também apresentar Cazuza a “gerações mais novas” de Portugal, até porque no Brasil, afirmou João Miguel Mota, “continuam a recordar-se dele”.

O espectáculo, que poderá vir a ter “mais datas”, sobe ao Constantino Nery pelas 21h30 de sexta-feira e sábado, marcando o arranque da rentrée do Teatro Municipal de Matosinhos.

Este mês também passam por aquele palco A Matança Ritual de Gorge Mastromas, de Dennis Kelly, estreado em Maio no Teatro Nacional D. Maria II, com encenação de Tiago Guedes e Bruno Nogueira (dias 19 e 20), e Do Bosque Para o Mundo, peça juvenil de Inês Barahona e encenação de Miguel Fragata sobre a crise dos refugiados (27 e 28).

Em Outubro, a Seiva Trupe estreia O Funeral de Neruda, no dia 4, seguindo-se-lhe Cárcere, do brasileiro Vinicius Piedade, a 18, e Boudoir, de Martim Pedroso, a 26.

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