CGTP exige aumento de 90 euros para todos os trabalhadores em 2020

Central sindical apresentou caderno reivindicativo para o próximo ano e o aumento geral dos salários é o eixo fundamental.

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Nuno Ferreira Santos

Independentemente do valor do salário, do sector ou da área, a CGTP-IN quer que todos os trabalhadores portugueses tenham um aumento salarial de 90 euros em Janeiro do próximo ano. A exigência foi anunciada nesta quarta-feira por Arménio Carlos no final da reunião do conselho nacional da central sindical e encabeça a lista de reivindicações para 2020, a par da fixação do salário mínimo nacional em 850 euros, que serão apresentadas aos partidos.

Em entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença que será publicada amanhã, Arménio Carlos explica que a central sindical vai levar essa proposta reivindicativa à concertação social para que seja aplicada a toda a contratação colectiva. Porém, tem consciência de que isso poderá não ser possível para todos os trabalhadores. “Para toda a contratação colectiva, a nossa proposta reivindicativa vai ser esta: queremos um aumento salarial de 90 euros para cada trabalhador. Depois vamos ver, no âmbito da contratação colectiva, o que daqui vai resultar.”

“Um forte aumento dos salários constitui uma prioridade estratégica para assegurar uma justa distribuição da riqueza, melhorar as condições de vida dos trabalhadores, criar mais e melhor emprego, dinamizar a produção nacional e afirmar a independência económica e a soberania do país”, lê-se no documento em que o Conselho Nacional da CGTP apresenta as prioridades da sua política reivindicativa para 2020. “Neste sentido, deverão ser estabelecidos objectivos salariais, nos sectores público e privado, que tenham como referência um aumento por trabalhador de 90 euros, independentemente da reivindicação de valores superiores em função da realidade das empresas e de cada sector”, acrescenta a central sindical.

Além do aumento para 2020, a CGTP insiste na reivindicação do crescimento do salário mínimo nacional (SMN) até aos 850 euros “a curto prazo”, mas continua sem definir qualquer calendário. A central sindical até afirma que "se o SMN evoluísse de acordo com a produtividade e a inflação desde 1974 (ano em que foi implementado), em 2020 teria um valor de 1137 euros". Chegar aos 850 euros a curto prazo é, por isso, “um elemento determinante para combater a política de baixos salários, de empobrecimento dos trabalhadores e para assegurar o desenvolvimento económico e social”.

Na entrevista, Arménio Carlos argumenta que foi possível provar que a CGTP tinha razão quando no início desta legislatura defendia, na concertação social, o aumento do salário mínimo nacional para 600 euros. Porque, disse, o maior poder de compra que os trabalhadores conseguiram permitiu maior consumo (e com isso dar mais facturação às empresas e criar mais emprego) que levou a um crescimento da economia e a um reforço das reservas da Segurança Social (pela via de uma maior contribuição pelo aumento dos salários e do número de contribuintes).

“Para a CGTP-IN, os eixos estruturantes de uma política alternativa, de esquerda e soberana, têm como objectivos centrais avançar nos direitos, valorizar os trabalhadores; por um Portugal com futuro. A sua concretização em 2020 passa pela ruptura com o modelo de baixos salários e uma justa distribuição da riqueza; a valorização dos trabalhadores e a garantia dos seus direitos; por uma política de progresso e justiça social, o que exige ainda o desenvolvimento dos serviços públicos e das funções sociais do Estado”, afirma ainda o documento reivindicativo, que detalha as propostas da central para cada um destes eixos.

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