Nove em cada dez portugueses dizem que as alterações climáticas são um “problema muito sério”

Quase todos os portugueses inquiridos (97%) disseram apoiar o objectivo da União Europeia de se tornar neutra em emissões de carbono até 2050.

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Manifestação pelo clima em Lisboa. MIGUEL MANSO

Quase nove em cada dez portugueses (87%) consideram as alterações climáticas um “problema muito sério”, contra 11% que o consideram um assunto “relativamente sério” e 1% que o desvalorizam. 

Os dados constam de um Eurobarómetro, divulgado esta quarta-feira, 11 de Setembro, para o qual foram feitas 1012 entrevistas presenciais em Portugal entre os dias 9 e 22 de Abril. Questionados sobre o que estão a fazer, a nível pessoal, para combater este fenómeno, 74% dos entrevistados em Portugal afirmaram estar a tomar medidas, mais do que a média de toda a UE, que rondou 60%.

Como exemplo das medidas adoptadas nos últimos seis meses, os inquiridos portugueses falaram na redução do lixo produzido e num aumento da reciclagem (76%) — e ainda na diminuição do consumo de energia através da utilização de electrodomésticos mais eficientes (42%).

As preocupações demonstradas pelos portugueses foram superiores à média da UE (num total de 27.655 cidadãos dos 28 Estados-membros entrevistados neste Eurobarómetro), já que foram menos (79%) os inquiridos europeus que falaram num “problema muito sério”, enquanto 14% apontaram ser um assunto “relativamente sério” e 6% o desconsideraram. Ainda assim, 23% dos entrevistados europeus falam nas alterações climáticas como o problema mais sério que o mundo enfrenta, percentagem que baixa para 19% nos inquiridos portugueses.

Acresce que quase todos os entrevistados portugueses (96% e 95%, respectivamente) defendem que o Governo deve estabelecer metas para aumentar o uso de energias renováveis até 2030 e apoiar a melhoria da eficiência energética. Também a quase totalidade destes inquiridos nacionais (97%) disse apoiar o objectivo de a UE se tornar neutra em emissões de carbono até 2050.

Esta quarta-feira, a Comissão Europeia adoptou ainda uma comunicação que reafirma o envolvimento da União com os compromissos ambientais, que serão desde logo apresentados na Cimeira de Acção Climática promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), a 23 de Setembro, em Nova Iorque.

Em conferência de imprensa realizada em Bruxelas após a divulgação dessa comunicação, o vice-presidente do executivo comunitário e comissário para a União da Energia, Maros Sefcovic, vincou que “o facto de Julho [deste ano] ter sido o mês mais quente alguma vez registado torna evidente a necessidade de actuar”.

“Durante todo o Verão — e até arriscaria dizer durante todo o ano — temos tido notícias trágicas sobre como o mundo está a mudar drasticamente aos nossos olhos”, acrescentou, aludindo a “exemplos vindos do Brasil, de França, mas também do sul da Europa”.

Já recordando as declarações do secretário-geral da ONU, o português António Guterres, Maros Sefcovic vincou que Bruxelas está “disposta a fazer mais”. “Respeitamos na totalidade o pedido feito por António Guterres, de que não devem ser feitos anúncios, mas sim colocados planos em prática”, precisou.

Este responsável revelou ainda que, na cimeira das Nações Unidas, a UE — representada pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk — vai sublinhar o seu objectivo de ter neutralidade carbónica até 2050, assumido por 24 Estados-membros, incluindo Portugal.

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