Bolsa de Hong Kong oferece 33 mil milhões de euros pela bolsa de Londres

A oferta surpresa foi anunciada esta quarta-feira.

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Reuters/Suzanne Plunkett

A bolsa de Hong Kong (Hong Kong Exchanges and Clearing) fez uma oferta surpresa à bolsa de Londres (LSE - London Stock Exchange): ofereceu 29,6 mil milhões de libras (cerca de 33 mil milhões de euros) pela compra da congénere. O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira. No entender da bolsa de Hong Kong, uma fusão entre as duas bolsas seria uma “oportunidade financeira altamente atraente para criar um líder no mercado global”.

Se o negócio for avante, a os accionistas da bolsa de Londres irão receber, por cada título que detêm da gestora da praça da capital britânica 20,45 libras em dinheiro e 2495 acções na nova bolsa de Hong Kong que surgiu após a união, escreve o Wall Street Journal

Em reacção, a bolsa de Londres disse que iria “considerar a proposta”, mas sublinhou que “continua empenhada” em comprar a Refinitiv, fornecedora global de dados e infra-estrutura de mercados financeiros. O negócio terá de ter a aprovação dos accionistas de ambas as partes, e irá significar o fim das negociações com a Refinitiv.

 “Aproximar a bolsa de Hong Kong e a de Londres vai redefinir os mercados de capitais globais nas próximas décadas”, afirmou o CEO da Bolsa de Hong Kong, Charles Li, num comunicado emitido esta quarta-feira e citado pela Bloomberg. “Ambas as empresas têm grandes marcas, solidez financeira e histórico comprovado de crescimento. Juntos, vamos ligar o Oriente e o Ocidente, e vamos ser capazes de oferecer aos nossos clientes maior inovação, gestão de riscos e oportunidade de negócios.”

Li está a tentar tornar a Bolsa de Hong Kong numa “retalhista” para investidores que procurem aumentar a sua exposição à China, escreve o Financial Times. A compra acontece numa altura em que Pequim tenta abrir os seus mercados de capitais ao resto do mundo, enquanto se vê a braços com uma guerra comercial com os EUA.

Ambas as bolsas já estiveram envolvidas em negócios de fusão nos últimos anos. A bolsa de Londres tentou fazer negócio com a alemã Deutsche Böerse e a bolsa de Hong Kong comprou a Bolsa de Metais de Londres (um mercado de contratos futuros ligados à área dos metais não ferrosos), em 2012, por 1,4 mil milhões de libras (cerca 1,5 mil milhões de euros).

A secretária de Estado do Comércio, Energia e Estratégia Industrial britânica, Andrea Leadsom, disse, aos microfones da Bloomberg Television, que o Governo britânico iria escrutinar qualquer negócio nos mercados. As autoridades britânicas irão “olhar de forma cuidadosa para qualquer coisa que tenha implicações de segurança no Reino Unido”, resumiu. 

“Estas são duas das maiores bolsas do mundo”, disse Ronald Wan, CEO da Partners Capital Internacional de Hong Kong, uma empresa de intermediação financeira​. “Uma compra de Hong Kong, uma região administrativa especial da China, pode ser encarada como uma investida da China. Não será fácil ultrapassar os entraves regulatórios – este é um negócio que, politicamente, é muito sensível”.

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