Livro de ex-secretário de Estado Bruno Maçães censurado na China

O despertar da Eurásia - Em busca da Nova Ordem Mundial aborda a crescente integração da Europa e da Ásia e os planos da China para se colocar “no centro” da economia mundial.

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jose maria ferreira

A publicação na China do livro O despertar da Eurásia, do antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus português Bruno Maçães, foi adiada devido à “censura” do regime chinês, revelou o autor nesta segunda-feira.

Através da rede social Twitter, Bruno Maçães reproduziu a mensagem que recebeu do editor chinês, que tinha previsto publicar a obra na semana passada. “Senhor Maçães, peço desculpa, mas a publicação teve que ser adiada devido à censura”, lê-se na mensagem. “Espero que compreenda”, acrescenta.

O Despertar da Eurásia - Em busca da Nova Ordem Mundial foi publicado em Portugal, em 2018, pelo Círculo de Leitores. Na obra, Maçães recorre a relatos de uma viagem de seis meses, sempre por terra, de Baku a Samarcanda, e de Pequim a Vladivostock, e defende que a mais significativa tendência geopolítica de hoje é a crescente integração da Europa e da Ásia - uma realidade para a qual China e Rússia já despertaram, defende.

A materializar esta nova visão está o gigantesco projecto de infra-estruturas lançado pela China denominado Uma Faixa, Uma Rota. Bancos e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito daquele plano de infra-estruturas, que inclui a construção de portos, aeroportos, auto-estradas e linhas ferroviárias ao longo do sudeste asiático, Ásia Central, África e Europa.

Bruno Maçães considera o projecto chinês um desafio à ordem mundial definida pelo Ocidente, visando “redesenhar o mapa da economia mundial” de forma a “colocar a China no centro”.

O ex-secretário de Estado é actualmente consultor na Flint Global, em Londres, e pesquisador na Universidade Renmin, em Pequim, e no Hudson Institute, uma unidade de investigação conservadora com sede em Washington.

Na China, os académicos e intelectuais são pressionados a aderir às interpretações oficiais do regime, enquanto a imprensa ou publicações são controladas pela censura do Partido Comunista Chinês.

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