Congresso está a investigar gastos militares em resort de Trump na Escócia

Equipa da Força Aérea ficou alojada no Trump Turnberry, complexo do Presidente na Escócia, em Março de 2019. Investigação incide também sobre despesas no aeroporto de Prestwick que serve o resort e está em dificuldades financeiras.

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Donald Trump a jogar golfe no seu resort escocês em Julho Henry Nicholls / REUTERS

O Congresso norte-americano abriu uma investigação ao Presidente Donald Trump, por suspeitas de conflitos de interesse. Estão a ser analisados os gastos militares americanos no aeroporto de Prestiwck, perto de Glasgow, usado pelos hóspedes do resort de luxo Trump Turnberry, que fica a cerca de 30 quilómetros.

A investigação garante que dados recolhidos pela Agência Logística de Defesa mostram que os EUA fizeram 629 compras de combustível no aeroporto de Prestwick, no valor de 11 milhões de dólares (aproximadamente 9,9 milhões de euros). As autoridades investigam ainda a suspeita de que foram oferecidos quartos na propriedade de Donald Trump “a preços reduzidos” aos militares norte-americanos, bem como descontos nos campos de golfe da propriedade.

O presidente do Comité de Supervisão e Reforma da Câmara dos Representantes, Elijah Cummings, alertou, em Junho, o secretário da Defesa para o “grave conflito de interesses” que constituía o facto de Trump lucrar com as viagens militares.

Em Março de 2019, uma equipa da Força Aérea norte-americana ficou hospedada no Trump Turnberry, numa escala na Escócia. O Departamento de Defesa defendeu-se das críticas, numa declaração enviada ao New York Times, explicando que os militares tinham “utilizado os alojamentos mais baratos e próximos do aeroporto, dentro do orçamento atribuído à equipa da Força Aérea”.

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Complexo foi palco de comício em 2016 Clodagh Kilcoyne / REUTERS

O aeroporto, fundamental para o negócio de Trump, atravessa graves dificuldades financeiras, correndo o risco de ser encerrado. Em 2013, foi adquirido pelo Governo escocês por uma libra, depois de ter declarado falência. Desde então, a empresa tem apresentado prejuízos constantes, o que motivou uma tentativa de venda — sem sucesso —, no passado mês de Junho.

O Congresso enviou uma carta ao Pentágono, a que a BBC teve acesso, onde são exigidas todas as comunicações trocadas entre o Departamento de Defesa americano e o resort de Trump, bem como todos os registos financeiros de serviços trocados entre ambas as entidades. A carta foi enviada em Junho e, de acordo com várias fontes, o Congresso ainda não recebeu os dados pedidos.

“O Departamento de Defesa ainda não enviou um único documento nesta investigação. O comité [de investigação] ver-se-á forçado a considerar outras alternativas, caso o Pentágono não comece a colaborar voluntariamente nos próximos dias”, afirmou um conselheiro democrata no Painel de Supervisão do Congresso, citado pelo Politico.

“Devido à participação financeira do Presidente nos campos de golfe escoceses, estes dados levantam questões sobre um potencial recebimento de emolumentos norte-americanos ou de governos estrangeiros, em violação da Constituição dos Estados Unidos”, lê-se na carta escrita pelo Congresso.

Nenhum membro da Administração Trump reagiu oficialmente a esta investigação. 

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