Novo festival em Setúbal apresenta clássicos do cinema mudo ao som de concertos inéditos

Filmes como Inferno, Beautifull Things ou O Homem da Câmara de Filmar vão ser acompanhados por espectáculos ao vivo de Tó Trips, Norberto Lobo, Maestro Jorge Salgueiro ou Coro Setúbal Voz entre outros músicos contemporâneos

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O Imgrante, de Charlie Chaplin, e o Balão Vermelhor, de Albert Lamorisse, são alguns dos filmes em destaque
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Setúbal vai ser palco e tela, em Outubro, de um novo festival que junta cinema e concertos ao vivo, numa iniciativa singular, em Portugal, que recupera o antigo conceito de cine-concerto dos tempos do cinema mudo.

O Film Fest, festival de cinema musicado ao vivo, estreia-se com um vasto e abrangente programa, em que serão exibidos 21 filmes, entre longas e curtas-metragens. Durante dez dias, de 10 a 20 de Outubro, são apresentadas 12 sessões de cinema, repartidas em oito sessões para o publico em geral, uma destinada às escolas, outra para toda a família, que pretende juntar pais e filhos e ainda uma sessão de apresentação de trabalhos também para as escolas.

Segundo a organização, o festival pretende “trazer para primeiro plano a relação entre a música e a imagem”, em que a percepção do filme “altera-se completamente consoante a banda sonora escolhida” e “desenvolver e expandir o formato tradicional do cine-concerto. Para este aprofundamento do antigo conceito, foram pensados encontros interdisciplinares e exibição de, não apenas das obras mais conhecidas do público, mas também o cinema de autor.

Entre os filmes a exibir estão obras como Inferno (Itália, 1911), de Francesco Bertolini, Adolfo Padovan e Giuseppe De Liguoro, com Salvatore Papa e Arturo Pirovano, cujo argumento é baseado na obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri, que vai ter música do maestro Jorge Salgueiro e acompanhamento ao vivo do Coro Setúbal Voz, e narração de Rui Sidónio, vocalista dos Bizarra Locomotiva. Outro exemplo é o filme Sapatos (Shoes EUA, 1916), de Lois Weber, com Mary MacLaren, Mattie Witting e Harry Griffith, que terá acompanhamento musical ao vivo de Gonçalo Simões.

O cinema português tem também presença garantida, com dois filmes dos anos 20.

Os Lobos (Portugal, 1923), de Rino Lupo, cujo elenco inclui José Soveral, Branca de Oliveira, Joaquim Almada e, adaptado do escrito original de Francisco Lage e João Correia de Oliveira, será exibido no dia 13 de Outubro, às 21h30, no Cinema Charlot, com música ao vivo de Tó Trips. No mesmo dia e local, mas às 18 horas, é apresentado primeiro a película Rita ou Rito?… (Portugal, 1927), de Reinaldo Ferreira, com Alves da Costa, Fernanda de Sousa e Antónia de Sousa, com espectáculo musical de O Manipulador.

Os músicos participantes, entre os quais também Norberto Lobo, MODS Collective, Noiserv, Charlie Mancini, Daily Misconceptions, A Negra, Alexandre Bernardo, Giorgio Ferrero & Rodolfo Mongitore, foram desafiados a conceber espectáculos específicos para as exibições cinematográficas pelo que, segundo a organização, serão concertos inéditos.

“Os concertos foram criados para a altura e para o filme em concreto, e nem sabemos se algum dia vão repetir-se”, explicou ao PÚBLICO Mónica Duarte da divisão de Cultura da Câmara de Setúbal, que organiza o festival em conjunto com vários parceiros, nomeadamente a 50 Cuts Associação Cinematográfica, Associação Cultural Festroia, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, Cineteca di Bologna, Friedrich-Wilhelm-Murnau Stiftung, II Sorpasso – Associação Cultural, Instituto Italiano di Cultural de Lisboa, LA VALLETA 2018 – European Capital of Culture, Light Cone Films, Lobster Films, Milestone Films, NFB-National Film Board of Canada.

Mónica Duarte acrescenta que a ideia de juntar as “duas frentes artísticas” decorre da natureza cultural de Setúbal, cidade “intrinsecamente ligada ao cinema e à musica”, e que o Film Fest “complementa a oferta cultural da cidade e completa o ciclo de anual de programação, abrindo a temporada musical”.

A altura escolhida para o arranque foi, por isso, Outubro, mês ligado a esta arte, em que se assinala o Dia Mundial da Música.

Esta é ainda a primeira edição do festival, mas, para o futuro há já uma “perspectiva de continuidade” e uma vontade de alargar os limites físicos. “Para já as exibições são em recintos fechados, em salas, mas talvez no futuro possamos tentar levar o cinema para a rua”, revela Mónica Duarte. “Vamos com os pés assentes na terra”, acrescenta, após partilhar o sonho.

O festival terá um passe de 25 euros, de acesso a todas as sessões, valor especial se adquirido até dia 30 de Setembro, e que aumenta depois dessa data em cinco euros.

Os bilhetes estão à venda na Casa da Cultura, Cinema Charlot e Fórum Municipal Luísa Todi.

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