Andreescu venceu o Open dos EUA e é a “Rainha do Norte”

A canadiana foi a que cresceu mais rapidamente de entre as jogadoras da nova geração.

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Bianca Andreescu Reuters/USA Today Sports

Bianca Andreescu nasceu há 19 anos, em Mississauga, perto de Toronto, no estado canadiano de Ontário, nove meses depois de Serena Williams conquistar o primeiro de 23 títulos do Grand Slam, no Open dos EUA, com 17 anos. Só pegou numa raqueta aos seis anos, na Roménia, terra natal dos pais, quando aí se radicaram. No regresso da família ao Canadá, o talento da jovem não passou despercebido aos responsáveis do ténis local e passou logo a integrar o centro nacional de treino. Os bons resultados sucederam-se a um ritmo impressionante e após o triunfo deste sábado no Open dos EUA, a culminar uma época memorável de afirmação no circuito mundial, ganhou o título de “Rainha do Norte”.

“Os meus objectivos têm sido apenas ganhar o maior número de Grand Slams possível, ser número um do mundo, mas a ideia da fama nunca me passou pela cabeça. Não me estou a queixar, apesar de estar a ser um ano louco e, sem dúvida, que me posso habituar”, garantiu Andreescu.

A canadiana teve um percurso auspicioso nos escalões jovens, tendo como pontos altos a conquista do Orange Bowl – o campeonato do mundo dos escalões juvenis –, no final de 2015, e os dois títulos de pares juniores no Open da Austrália e Roland Garos, ambos em 2017. Pelo meio, estreou-se na selecção principal do Canadá, ganhando os seis encontros que realizou na Fed Cup e, com 16 anos, conquistou o primeiro título profissional e entrou no top-300 do ranking WTA. No ano passado, limitada por uma lesão nas costas, consolidou-se no top-200. Até que “explodiu” no WTA Tour, derrotando todas as oito top-10 com que se deparou no court.

A última foi Serena Williams, na final do Open dos EUA, que venceu, por 6-3, 7-5. Desde o início do encontro que os papéis pareceram invertidos com Andreescu a comportar-se como uma veterana e agressiva como se esperava da adversária, nomeadamente, nos ataques ao segundo serviço. Por seu lado, Serena acusava o momento como uma estreante, mais do que nas outras três finais do Grand Slam que já disputou após ter sido mãe, em Setembro de 2017. Só depois de ter salvo um match-point a 1-5, é que Serena elevou o nível de jogo e despertou o público do Arthur Ashe Stadium que a apoiou incondicionalmente na recuperação.

“Tentei bloquear o barulho; era muito elevado, nem me conseguia ouvir pensar, mas é isso que torna este torneio tão especial. Não foi fácil quando ela começou a recuperar, mas era esperado, ela é uma campeã e já o fez muitas vezes na sua carreira. Tentei manter-me o mais composta possível e penso que fiz um bom trabalho nesse aspecto”, contou a primeira adolescente a vencer um major desde 2006 (Maria Sharapova, no Open dos EUA) e uma das seis tenistas que conquistaram um título do Grand Slam em quatro (ou menos) presenças em quadros principais de um major e primeira desde 1990 (Monica Seles, em Roland Garros).

“Senti muitas, muitas coisas antes do encontro, mais do que em qualquer outro; estar na final, defrontar Serena… apenas tentei respirar o mais possível, desde o momento em que acordei, e tentei fazê-lo durante todo o encontro, manter os nervos no seu lugar. Não foi nada fácil, mas é isso que tenho feito muito bem ao longo de todo o ano”, disse Andreescu em conferência de imprensa, onde se deixou levar pelas emoções, quando questionada sobre a técnica de visualização, a que os atletas recorrem para tentar antecipar o momento.

“Esta não foi a única vez que visualizei estar a defrontar Serena na final. Tenho… “, afirmou, antes de soluçar e limpar as lágrimas dos olhos. “Tenho sonhado com este momento há muito tempo. Poucos meses depois de vencer o Orange Bowl comecei a acreditar que podia chegar a este nível e, desde então, sinceramente, tenho visualizado o momento quase todos os dias. Acho que essas visualizações ajudaram mesmo”, acrescentou.

Andreescu admitiu que nem sempre foi assim; que antes era negativa, gritava, partia raquetas, até nos treinos, mas percebeu que não havia vantagens nesse tipo de comportamento. Um período matinal de meditação tem-na ajudado a progredir. “Tenho feito isso durante todo o torneio. Coloco-me em situações que podem vir a acontecer e encontro forma de lidar com elas, para me preparar para o que aparecer pela frente. Porque a este nível todas sabem jogar ténis: a única coisa que separa as melhores das restantes é a mentalidade”.

A agora número cinco mundial falou de outros atletas que a inspiraram, nomeadamente a tenista Carling Basset (oitava do ranking em 1985) e o basquetebolista Steve Nash (oito vezes NBA All-Star), mas também de Serena, que a inspirou quando era mais jovem. “Sempre me esforcei para ser como ela. Quem sabe? Talvez venha a ser melhor”, terminou com um sorriso.

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