GNR identifica embarcação turística suspeita de ter descarregado resíduos no rio Douro

Autoridades receberam denúncia de que navio cruzeiro estaria a efectuar descargas residuais no rio Douro. Militares que se deslocaram ao local relataram cor turva da água e cheiro nauseabundo. Amostras serão analisadas em laboratório.

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O incidente teve lugar na barragem do Pocinho. Um outro terá ocorrido em Barca d’Alva, envolvendo uma embarcação diferente Gonçalo Dias (arquivo)

Um homem de 42 anos foi, esta quinta-feira, identificado pelo Núcleo de Protecção Ambiental de Torre de Moncorvo, por descargas de águas residuais no rio Douro, confirmou a GNR em comunicado enviado às redacções. O incidente teve lugar na barragem do Pocinho, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda.

O Comando Territorial de Bragança recebeu uma denúncia de que um navio cruzeiro estaria a fazer uma descarga suspeita no rio. Os militares que se deslocaram ao local verificaram que a água apresentava uma cor turva e um cheiro nauseabundo, escreve a GNR.

Questionada pelo PÚBLICO, a GNR recusou-se identificar a que empresa pertencia esta embarcação. 

O mestre da embarcação, responsável máximo pela descarga das águas, foi identificado, tendo sido elaborado o respectivo auto de notícia, que poderá resultar numa contra-ordenação.

O PÚBLICO confirmou junto da Polícia Marítima que além desta situação no Pocinho está a ser analisado um outro caso que terá ocorrido em Barca d’Alva, envolvendo uma embarcação diferente.

A situação de descargas suspeitas no rio Douro não é novidade: em Junho, também no Pocinho, um cidadão contactou a Polícia Marítima após ter detectado (e filmado) uma mancha castanha e espessa entre um navio hotel da empresa australiana Scenic e o cais. As autoridades levantaram um auto de notícia e instauraram um inquérito, que ainda não está concluído. A empresa, através da sua representante em Portugal, negou ao PÚBLICO que tivesse existido qualquer descarga, garantindo que o barco cumpria todas as normas, e mostrou-se surpreendida por o processo não ter sido encerrado após a visita das autoridades à embarcação.

Após esse incidente, a Polícia Marítima revelou que tinha levantado cinco autos de notícia relacionados com eventuais descargas no rio. A fiscalização teve com alvo várias embarcações turísticas de grande porte e algumas das mais antigas, que poderiam necessitar de actualizar alguns dos seus equipamentos de tratamento residual. 

Na altura em que foi exposta uma alegada descarga no rio Douro do barco da empresa Scenic, o capitão dos Portos do Douro e Leixões já dizia ao PÚBLICO que não tinha sido uma surpresa receber “uma queixa desta natureza”, garantindo que as preocupações com as questões ambientais, a par com as de segurança, estavam na origem de “um conjunto de acções” que estavam a ser desenvolvidas.

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