Em Pequim, Merkel pede protecção dos direitos e liberdades de Hong Kong

Os líderes dos protestos tinham pedido a Merkel para fazer pressão sobre o Governo da China, país que é o maior parceiro comercial da Alemanha.

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Angela Merkel com o primeiro-mimnistro chinês, Li Keqiang EPA

 A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta sexta-feira em Pequim que os direitos e liberdades dos residentes de Hong Kong devem ser protegidos e que a solução para a crise política na região só pode ser obtida pelo diálogo. A chefe do Governo alemão, que realiza uma visita oficial de dois dias à China, fez os comentários durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

Merkel que janta esta sexta-feira com o Presidente Xi Jinping, enfrenta em Pequim o desafio de equilibrar preocupações sobre direitos humanos e interesses económicos com um dos maiores parceiros comerciais da Alemanha.

“Referi, durante o nosso diálogo, que os direitos e liberdades acordados na Lei Básica de Hong Kong devem ser salvaguardados”, afirmou Merkel, acrescentando que o diálogo político - não a violência - é o caminho para uma resolução do conflito.

As declarações de Merkel surgem depois de, numa carta aberta publicada esta semana, os líderes dos protestos em Hong Kong terem pedido à chanceler para fazer pressão junto de Pequim.

A China tem criticado o que considera uma interferência estrangeira de países como os EUA e o Reino Unido na crise em Hong Kong, onde os protestos pró-democracia duram há mais de três meses e têm sido marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia. 

A contestação social eclodiu com a apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, de forma a permitir a extradição de suspeitos de crimes para a China Continental, para serem julgados. Esta semana, a chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, retirou o projecto de lei, uma decisão que para os líderes dos protestos, é “muito pouco” e chegou “muito tarde”.

A natureza do protesto mudou e os manifestantes contestam a "erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto apelam à demissão de Carrie Lam, escolhida para o cargo por Pequim, e à eleição de um sucessor por sufrágio universal directo.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que o movimento de protesto diz estar em causa.

A China foi, no ano passado, o maior parceiro comercial da Alemanha, com as trocas comerciais a ascenderem a 199 mil milhões de euros. O investimento alemão na China aumentou de 30 mil milhões de euros, em 2010, para 81 mil milhões em 2017.

A China é o mercado mais importante para as grandes empresas da Alemanha e, a acompanhar Merkel, estão os representantes da indústria automóvel alemã e executivos das indústrias de semicondutores, logística, serviços financeiros e energia.

O relacionamento entre os dois países é vital para a maior economia europeia, sobretudo quando há sinais de que a Alemanha vai enfrentar uma recessão técnica este trimestre.

A Alemanha é também uma das poucas economias da União Europeia que mantém um superavit comercial nas trocas com a China, devido ao fornecimento de equipamentos e componentes para as fábricas chinesas.

Mas Berlim tem subido o tom nas reclamações sobre o restrito acesso ao mercado chinês e a política de Pequim para o sector tecnológico.

A China tentou, sem sucesso, recrutar a Alemanha como aliada na guerra comercial com os Estados Unidos.

No sábado, a chanceler viaja para Wuhan, capital da província central de Hubei, onde inaugura as obras para expandir uma fábrica da alemã Webasto e discursa na Universidade de Wuhan.

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