Google oferece ferramentas para analisar dados sem comprometer privacidade

Técnica é a mesma usada quando o motor de busca mostra o movimento em locais públicos. Software foi publicado sob uma licença open source.

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As técnicas de privacidade diferencial permitem que os utilizadores não sejam identificados Reuters/JASON LEE

Pesquise-se um local público no Google – como uma praça turística ou um centro comercial – e o motor de busca indica se esse local está com muito ou pouco movimento, bem como o tempo que as pessoas habitualmente lá passam. Os dados são obtidos através dos telemóveis de cada pessoa: quem tiver o histórico de localização ligado, está a contribuir para que o Google possa mostrar aquela informação na página de resultados.

Pode ser útil saber se uma famosa loja de móveis está cheia de gente ou se é possível ir comprar uma estante sem ter de penar ao longo de corredores de pessoas a analisarem cadeiras e cortinados. Mas é também o tipo de informação que levanta preocupações de privacidade. Nesta funcionalidade, como noutras, o Google diz recorrer a métodos para salvaguardar a privacidade de cada pessoa, ao mesmo tempo que consegue analisar os dados e tirar conclusões úteis.

No caso do movimento em locais públicos, a empresa usa uma técnica chamada privacidade diferencial, que introduz propositadamente ruído nos dados, fazendo com que não seja possível perceber se um determinado indivíduo faz parte do grupo cujos registos foram analisados – e que permitiu, por exemplo, concluir que as três da tarde não são a pior hora para visitar a Praça do Comércio, em Lisboa.

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O Google decidiu agora disponibilizar livremente um conjunto de ferramentas que permitem a outras entidades, sejam empresas ou programadores individuais, recorrer a técnicas de privacidade diferencial e usá-las nos seus produtos e serviços. As ferramentas foram publicadas online para quem as queira usar, sob uma licença open source, e podem ser obtidas no GitHub, um repositório de software conhecido entre programadores.

O Google diz que se focou em disponibilizar soluções para alguns dos problemas mais difíceis que são enfrentados por quem queira recorrer a algoritmos de privacidade diferencial. As ferramentas open source foram desenvolvidas por 11 engenheiros da empresa. A acompanhar o lançamento, investigadores do Google publicaram um artigo académico sobre o funcionamento das ferramentas, que está disponível no ArXiv, um repositório de trabalhos que não passaram pelo processo de peer review.

“Quer seja um urbanista, o dono de um pequeno negócio, ou um programador de software, obter conhecimento útil a partir de dados pode ajudar a tornar os serviços melhores e a responder a questões importantes. Mas, sem protecções de privacidade fortes, arrisca-se a perder a confiança dos seus cidadãos, clientes ou utilizadores”, escreveu um gestor de produto do Google, Miguel Guevara. “Por exemplo, se for um investigador na área da saúde, pode querer comparar o tempo media que os pacientes permanecem em vários hospitais, para determinar se há diferenças nos cuidados.”

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