A devastação do Dorian nas Bahamas: “Desapareceu tudo. Só há corpos”

As autoridades acreditam que o número de 20 mortos vai subir e o primeiro-ministro, Hubert Minnis, disse que o recuo das águas está a revelar a real dimensão da destruição.

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A devastação do Dorian nas Bahamas EPA
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Os atordoados habitantes das Bahamas percorriam ontem os destroços das suas casas e as autoridades tentavam determinar o número de pessoas mortas pelo furação Dorian, que chegava à costa da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, onde se esperavam cheias de uma dimensão nunca vista.

As Nações Unidas estimam que 70 mil pessoas nas Bahamas necessitem de ajuda humanitária imediata, depois do impacte do mais destruidor furacão a passar pelo arquipélago das Caraíbas.

Imagens aéreas da ilha mais atingida, Abaco, a Norte do país, mostram a vasta devastação, o porto, o hospital, lojas, casas e as pistas do aeroporto danificados ou devastados, frustrando os esforços dos socorristas.

O Dorian, uma das mais poderosas tempestades nas Caraíbas, tinha categoria 5, a máxima, quando atingiu o país e matou pelo menos 20 pessoas (nesta sexta-feira o número subiu para 30). As autoridades acreditam que o número vai subir e o primeiro-ministro, Hubert Minnis, disse numa conferência de imprensa que o recuo das águas revelou a dimensão da destruição.

Os danos e a tragédia causados pelo Dorian, disse o primeiro-ministro, citado pela estação de televisão CNN, “vão afectar várias gerações” em Ábaco e na Grande Bahama, a outra ilha profundamente destruída.

“A minha ilha de Abaco, foi-se tudo. Não há bancos, não há lojas, não há nada”, disse  Ramond A. King, que mora em Marsh Harbour, enquanto olhava para os destroços espalhados da sua casa. “Desapareceu tudo, só há corpos”.

Em muitas áreas não há comunicações telefónicas e os habitantes estão a pôr os nomes dos desaparecidos em listas nas redes sociais. Numa publicação no Facebook do portal de notícias Our News Bahamas há 2500 comentários, sobretudo com listagens dos nomes de desaparecidos.

O Dorian assolou as Bahamas durante 36 horas trágicas. As chuvas e as cheias que criaram correntes de lama que inundaram tudo atingindo mesmo as zonas mais elevadas. 

“Falei com um homem que, basicamente, estava abrigado em cima dos armários da cozinha. O ar que tinha para respirar era o que estava entre os armários e o tecto. Acabou por não resistir e caiu dentro de água, foi puxado pelo filho. Ele disse-me que na naquele momento pensou: ‘Tenho que resistir, não posso deixar o meu filho ver-me morrer desta maneira’”, escreveu a jornalista da CNN em Abaco, Paula Newton. 

Newston prossegue explicando que em Abaco vive gente habituada a furacões poderosos. “Mas que agora dizem ‘Não acredito que sobrevivemos’. O Dorian foi qualquer coisa que nunca tinham visto e perguntam o que terão que enfrentar a seguir”.

Nos Estados Unidos, a Carolina do Sul preparava-se para o embate de uma tempestade nunca vista, prevendo-se que as ondas pudessem chegar aos dois metros de altura na zona balnear de Myrtle Beach, segundo o Centro Nacional de Furacões. Esperavam-se ventos na ordem dos 185 quilómetros por hora e já chovia intensamente na região costeira da Carolina e Geórgia.

Ali e na Geórgia já havia, ontem, mais 185 mil casas sem electricidade, segundo o site poweroutage.us.

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