Ruptura no conselho de administração do Montepio

Esta quinta-feira as movimentações no topo do Banco Montepio deram mais um sinal de que as tensões e divisões dentro da gestão se estão a acentuar, com Carlos Tavares a comunicar a demissão de um administrador.

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Carlos Tavares tomou a iniciativa de informar aos restantes administradores do BM a decisão de Luís Guimarães Fabio Augusto (arquivo)

No início de Agosto, Luís Guimarães comunicou a Carlos Tavares que se demitia do cargo de presidente da Comissão de Auditoria do Banco Montepio (BM) e, por inerência, ao cargo de administrador não executivo, alegando, entre outros aspectos, falta de condições para exercer a função de forma independente.

A informação foi reportada ao Banco de Portugal (BdP) que levou a um pedido da ainda vice-governadora para que Luís Guimarães continuasse em funções até ao final do ano, de modo a ajudar a estabilizar a governação do Banco Montepio onde Dulce Mota se mantém desde Fevereiro como CEO interina. 

Mas esta sexta-feira, 6 de Setembro, a renúncia de Luís Guimarães aos dois cargos, de vogal não executivo do conselho de administração do Banco Montepio e presidente da comissão de auditoria da instituição financeira, foi anunciada formalmente ao mercado.  

O PÚBLICO apurou que a 6 de Agosto o Banco de Portugal recepcionou uma carta de Luís Guimarães, a comunicar que informara o presidente do Conselho de Administração que renunciava aos cargos de presidente da Comissão de Auditoria e de administrador não executivo, com efeito a partir de 30 de Setembro. Luís Guimarães elencou um conjunto de aspectos relacionados com a gestão, nomeadamente o factor instabilidade da governação. 

Logo em Agosto a informação fez disparar as luzes vermelhas dentro da instituição de supervisão que, por seu turno, reagiu convocando Guimarães a comparecer no BdP a 12 de Agosto. E à sua espera estava a ainda vice-governadora Elisa Ferreira, de quem terá partido um pedido para se manter em funções na Comissão de Auditoria até ao final do ano, isto, de modo a ajudar a manter estável o Banco Montepio. Pedido a que este, em princípio, acedeu.

Mas a ruptura na governação dentro do Montepio é total. Esta quinta-feira Carlos Tavares tomou a iniciativa de informar aos restantes administradores do BM a decisão de Luís Guimarães. O que fez durante a reunião do Conselho de Administração, e na presença do próprio Guimarães, que acabou a pedir a palavra para se justificar. E foi então que explicou que a decisão resultara, em parte, de não se rever no modelo de gestão do actual chairman, nomeadamente por protelar soluções para resolver o tema da Comissão Executiva, que há oito meses tem uma presidente (Dulce Mota) em funções transitórias.

Para além de administrador não executivo e de presidente da Comissão de Auditoria, cargo de nomeação em Assembleia Geral do banco, Guimarães ainda presidia ao comité de risco. As movimentações no topo do BM são mais um sinal de que as tensões e divisões dentro da gestão se estão a acentuar. 

Actualizado às 12h58m de 6 de Setembro, após a renúncia de Luís Guimarães ser anunciada no site da CMVM

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