O ténis italiano está aí e Matteo Berrettini é o líder

Rafael Nadal também seguiu em frente no Open dos EUA.

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Matteo Berrettini Reuters/Geoff Burke

O ténis italiano teve a sua época áurea nos anos 70 quando Adriano Panatta e Corrado Barazzutti figuravam entre os melhores do mundo e conduziram o seu país à conquista da Taça Davis, em 1976. Individualmente, Panatta atingiu as meias-finais de Roland Garros por duas vezes, em 1973 e 1975, e Barazzutti imitou-o em 1978, nove meses depois de ter sido igualmente semifinalista no Open dos EUA. Desde então, o ténis italiano brilhou mais intensamente no sector feminino – com a conquista de quatro Fed Cup, entre 2006 e 2013, e os triunfos de Francesca Schiavone em Roland Garros, em 2010, e de Flavia Pennetta no Open dos EUA de 2015, numa final com a também italiana Roberta Vinci – com uma excepção: Marco Cecchinato interrompeu 40 anos de jejum e foi semifinalista em Roland Garros. Mas no Open dos EUA foi preciso aguardar até esta quinta-feira, por Matteo Berrettini que se qualificou para as meias-finais, sob o olhar de Barazzutti.

Num dos mais emocionantes encontros deste Open dos EUA, Berrettini derrotou o bem mais experiente Gael Monfils (13.º), por 3-6, 6-3, 6-2, 3-6 e 7-6 (7/5), mas necessitou de cinco match-points. No primeiro, quando serviu a 5-4 no set decisivo, o italiano acusou o inédito momento na sua carreira e a bola saiu da raqueta a 122km/h para a rede, cometendo uma dupla-falta que abriu caminho para o break do francês. Berrettini riu-se numa clara demonstração da sua mentalidade que, em conjunto com o imponente porte físico (1,96m e 90kg), o torna num tenista poderoso.

“Dizia a mim próprio durante o encontro: ‘Que esperavas? Tens 23 anos, a jogar o teu primeiro quarto-de-final do Grand Slam e querias não ficar tenso? É normal, vais ter mais oportunidades’”, explicou mais tarde.

Depois de duas oportunidades anuladas por Monfils quando este serviu a 5-6, o italiano voltou teve um quarto match-point a 6/4, mas seria só no ponto seguinte, após a resposta ao forte serviço aterrar fora dos limites, que Berrettini se deixou cair no court.

“Se começamos a pensar noutras coisas, que não são importantes, começamos a queixar-nos, a ter pensamentos negativos e de certeza que perdemos o encontro. É disso que tenho mais orgulho, foi isso que aprendi”, adiantou o tenista romano, autor de 53 winners, dos quais 15 ases, em contraste com Monfils, que acumulou 51 erros não forçados, incluindo 17 duplas-faltas.

Este resultado de Berrettini confirma desde já o seu estatuto de revelação de 2019, ano que iniciou fora do top-50. Após a conquista de dois títulos no ATP Tour, em relva e terra batida, o italiano chegou a Nova Iorque como 25.º mundial, mas com apenas cinco encontros ganhos este ano em hardcourts: agora, vai sair como líder do segundo país mais representado no top-200 do ranking ATP, com 16 jogadores, incluindo o mais jovem do top-150, Jannik Sinner, de 18 anos – e o italiano Lorenzo Musetti é o actual número três do ranking mundial de juniores. “A melhor parte do ténis italiano? Penso que todos têm a sua personalidade, o seu carácter, a sua forma de jogar, a sua própria atitude”, adiantou Berrettini que, na sexta-feira, vai defrontar Rafael Nadal (2.º) pela primeira vez.

Numa noite de muito calor e humidade, o último representante do “big-3” ainda em prova teve de suar bastante para ultrapassar o duríssimo Diego Schwartzman (21.º), por 6-4, 7-5 e 6-2. O campeão de 2010, 2013 e 2017 poderia ter abreviado a vitória se tivesse aproveitado melhor as vantagens de 4-0 no primeiro set e de 5-1 no segundo.

No torneio feminino, disputam-se na madrugada desta sexta-feira as meias-finais: Elina Svitolina (5.ª) com Serena Williams (8.ª) e Belinda Bencic (12.ª) com Bianca Andreescu (15.ª) – a quarta tenista na Era Open a chegar às meias-finais na primeira presença num major.

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