Ministro assegura que haverá fundos comunitários para investir na STCP

Matos Fernandes assegurou aos trabalhadores que a privatização da empresa está barrada pela legislação em vigor.

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MInistro voltou ao POrto, para se reunir com representantes dos trabalhadores da STCP Goncalo Dias

O ministro do Ambiente afirmou esta segunda-feira que o financiamento da STCP após 2023, quando termina a actual concessão, terá de ser garantido pelos municípios, mas assegura, que o valor previsto no memorando para a intermunicipalização é, por defeito, “excessivo”, tendo em conta que os municípios vão poder contar, no próximo quadro comunitário, de fundos europeus para apoio, por exemplo, à renovação da frota. 

Questionado pela imprensa sobre o futuro da empresa depois de 2023, ano em que termina o contrato de concessão de serviço público, atribuído à STCP, João Pedro Matos Fernandes assinalou que, em relação a investimentos, “Quem tem de dar essa garantia são os donos das empresas, o que acontece em qualquer outra empresa municipal. O Governo assegura aquilo que vinha de trás como compromisso, que, repito, significa a renovação de dois terços da frota. Agora, cada território tem de fazer os investimentos próprios nos seus sistemas de mobilidade”, afirmou.

O ministro, que falava no final da reunião pedida pelos representantes dos trabalhadores da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP), sublinha que “é isso que acontece, a partir deste momento, em todas as empresas rodoviárias sejam elas privadas ou sejam elas municipais”, isto porque, explicou, “com a transmissão da propriedade da Carris para a Câmara de Lisboa e da STCP para as [seis] autarquias onde ela presta serviço, são elas as donas dessas mesmas empresas”.

Matos Fernandes sublinhou, contudo, que o valor que consta do memorando de entendimento para a intermunicipalização, no que toca a investimentos, é já por si “excessivo”. “O valor que lá está é o valor das obrigações de serviço público e das necessidades de investimento e, para as necessidades de investimento, continuará a haver fundos comunitários. (...) O valor que ali está será aligeirado com o acesso normal da STCP a fundos comunitários para a renovação da frota, como tem hoje qualquer empresa municipal neste país”, explicou, defendendo que os seis autarquias estão “muitas empenhadas” na melhoria do padrão de mobilidade dos seus territórios, como demonstra a aquisição de 280 autocarros de alta performance ambiental na STCP, 710 em todo o país.

Matos Fernandes garantiu ainda que não haverá privatização da STCP, como é preocupação dos trabalhadores, apesar o memorando de entendimento assinado pelos seis municípios nada dizer sobre o tema. “Não tem de estar no memorando de entendimento, decorre da lei. É mesmo lei porque houve um decreto-lei que foi corrigido e, portanto, está absolutamente assegurado”, insistiu. Quanto aos direitos laborais dos trabalhadores, o ministro do Ambiente e da Transição Energética explicou que o acordo de empresa se mantém, assim como a contratação colectiva, e há até, tal como feito na Carris, “um reforço de garantias no que diz respeito aos complementos de reforma”. 

Estas explicações não dissiparam todas as preocupações levantadas na reunião tida esta segunda-feira com os trabalhadores, tais como as relacionadas com a exclusividade de operação da empresa no território do Porto. “O Sr. Ministro entende que não é da responsabilidade do Estado e que isso terá de ser discutido com o Conselho de Administração e com a própria Área Metropolitana do Porto”, afirmou aos jornalistas Pedro Silva, da Comissão de Trabalhadores da STCP. Ainda assim, Pedro Silva, reconhece que os trabalhadores saem mais descansados desta reunião, face à garantida deixada pela tutela de que uma futura privatização da STCP está barrada por lei.

No dia 28 de Agosto, o Governo e as autarquias do Porto, Vila Nova de Gaia, Maia, Matosinhos, Valongo e Gondomar assinaram um memorando de entendimento para a intermunicipalização da STCP que poderá avançar já em Janeiro do 2020. Com este memorando, a STCP passará a ser gerida pelos seis municípios servidos pela empresa, que até 2023 deverão investir 58,3 milhões de euros para assegurar o regular funcionamento da empresa, incluindo as atribuições de serviço público. O Porto será a cidade que mais dinheiro investe (31,3 milhões de euros), estando Valongo, pelo menor serviço da empresa no concelho, em termos de quilómetros percorridos, no fundo da tabela. Ainda assim, isso implica um investimento de 3,1 milhões de euros por parte deste município.

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