Alimentação para a felicidade

O que comemos tem o poder incrível de nos limitar e aprisionar, como de aproximar do que nos faz felizes.

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Se por vezes nos sentimos afrontados, inchados, pesados, barrigudos, complexados. Se ficamos, na boca, com sabores de que não gostamos. Se sentimos que exageramos, e mais ainda, se o nosso corpo nos impede de nos sentirmos ágeis, à vontade, nós próprios ou nos faz pensar tanto em nós que acabamos por não nos sentirmos livres para sorrir e receber quem se aproxima. Se não estamos bem, quer seja fisicamente, pelos múltiplos mal-estares digestivos, quer seja interiormente, pelos múltiplos mal-estares pessoais. E se tanto disto é muitas vezes suscitado, aumentado e reforçado pelo que comemos. Então, o que comemos tem o poder incrível de nos limitar e aprisionar, como de aproximar do que nos faz felizes.

Aprisiona-nos o que depois de comer não nos permite estar bem, mas aprisiona-nos também quando a nossa procura de controlo alimentar é tal que sair para jantar se torna angustiante. Aprisiona-nos tudo o que nos retira a liberdade e a liberdade dos auto-condicionamentos internos é a maior.

Liberta-nos o que escolhemos comer e depois nos deixa disponíveis para nós e para os outros. O que nos faz sentir bem e em paz. O que nos equilibra a digestão, satisfaz o paladar, deixa energéticos e nos faz sentir em harmonia com o que somos e queremos ser, assim como com o impacto ambiental e social que queremos deixar.

Alimentação para a felicidade é reconhecer que muitos dos momentos que nos definem tiveram a mesa como lugar, a cozinha como preparação, foram brindados ou presenteados com bebida e alimento. É reconhecer que, o que nos alimenta, é feito de nutrientes, de cultura, de pessoas, de histórias, de raízes e de memórias que ficam também pelos sabores. É reconhecer que também a alimentação nos ajuda a aprender a escolher caminhos com sentido e que o sentido é o que nos permite saborear a simplicidade da liberdade, pela coerência entre o fazer (comer) e o que queremos ser. E que estes caminhos nos ensinam a felicidade.

Assim, pela alimentação que escolhemos com ou sem estilo rígido definido e pelas quantidades que servimos. Pelas vezes que cozinhamos, pelo que pedimos que nos cozinhem, pelo que compramos pronto ou escolhemos no restaurante. Pelas combinações que fazemos, pelo café que tomamos, a água que bebemos, o álcool, o açúcar, a gordura ou o sal que ingerimos (ou não). Pelos rótulos que lemos ou pelos alimentos que procuramos sem rótulo. Pelos produtores agrícolas que apoiamos e pelos cabazes frescos que encomendamos. Pela certificação bio que exigimos ou pelas tabelas de sazonalidade que seguimos. Pelas recomendações de saúde que procuramos e pela pegada ecológica que queremos deixar. Pela exclusão do que nos deixa mal dispostos, pela inclusão na carteira, na marmita ou no carro do que sabemos que nos faz sentir bem e pela procura das estratégias que nos ajudam.

A alimentação fortalece-nos no percurso da felicidade. Se estamos a escolher comer o que nos faz sentido, estamos a alimentarmo-nos para a felicidade.

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