BE diz que a única vez que Governo esteve para cair foi por iniciativa do PS

O líder parlamentar do bloco garante que hoje “as pessoas não confundem o Bloco de Esquerda com o Partido Socialista”.

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Andreia Gomes Carvalho

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, defendeu neste sábado que é “absurdo” dizer que o BE e o PCP são inimigos da estabilidade, lembrando que a única vez que o governo esteve para cair foi por iniciativa do PS.

“Dizer-se que o Bloco de Esquerda e o PCP são inimigos da estabilidade é um absurdo, ou pelo menos um contra-senso evidente aos olhos de quem vive em Portugal nos últimos quatro anos. A única vez que o governo esteve para cair foi por iniciativa do Partido Socialista, não foi nem por acção do Bloco de Esquerda, nem por acção do PCP”, defendeu.

Pedro Filipe Soares que falava, no Porto, no segundo dia do Fórum Socialismo 2019, lembrou que esta coligação de forças fez aprovar quatro orçamentos, facto que contribuiu para o sentimento de estabilidade.

“Temos quatro orçamentos aprovados neste contexto. Não houve nenhum sentimento de instabilidade fosse por instabilidade política ou por instabilidade da situação económica. E por isso o que nós podemos dizer é o contrário: se houve estabilidade na vida das pessoas (...) se deve à acção do Bloco de Esquerda e da acção de outros partidos de esquerda”, defendeu.

O bloquista deixou, contudo, claro que o partido não colocou em causa, quando fez o acordo com o Partido Socialista, a sua identidade ou seu horizonte estratégico.

“Não mudamos a nossa perspectiva. O Bloco não perdeu o seu horizonte de transformação, não perdeu a sua identidade, não perdeu o seu programa político (...), mas também não perdemos a nossa capacidade, de pontualmente, em cada momento, fazermos ou os acordos, ou as alianças, ou juntarmos forças com quem podemos juntar forças para determinados objectivos”, apontou, sublinhando que esta circunstância não coloca o partido como “subsidiários a um programa mínimo” que é apenas só a defesa da democracia.

Para Pedro Filipe Soares, o acordo é fruto da conjuntura e de uma relação de forças que obrigou o PS, a dialogar à esquerda.

“Não que o PS não pudesse ter feito isso antes, mas porque agora sim foi obrigado, incontestavelmente, a fazer esta escolha”, disse.

O líder parlamentar garante, no entanto, que, hoje, “as pessoas” não confundem o Bloco de Esquerda com o Partido Socialista, como demonstram as sondagens.

“Uma coisa curiosa dessa sondagem é que a Catarina Martins era vista como chefe da oposição à frente de Assunção Cristas. Ora isto mostra bem como há na percepção popular a separação clara do que é o Bloco de Esquerda e o que é o PS e a perspectiva que o Bloco não se esgota numa aliança com o PS”, disse.

Na sua intervenção, Pedro Filipe Soares defendeu ainda que a austeridade resulta de discurso cada vez mais autoritário que tem em si uma chantagem e ao mesmo tempo uma segurança que é: “mais vale isto do que muito pior”.

“Vemos isso no discurso do primeiro-ministro, António Costa, ainda recentemente, a perspectiva de uma crise financeira também na Europa (...). Chantagens para nos retirar perspectivas da alteração da relação de forças, mas acima de tudo para retirar à massa generalizada perspectivas de reivindicação de melhores condições de vida, de maior distribuição de riqueza”, concluiu.

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