Governo quer plano nacional para combater desinformação e ciberataques

Portugal candidatou-se a centro europeu no qual vários países cooperam e partilham estratégias.

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Um exercício de cibersegurança que em 2018 envolveu várias entidades nacionais Daniel Rocha

O Governo português formalizou nesta sexta-feira a candidatura ao Centro Europeu de Excelência para Combate às Ameaças Híbridas, visando aprender como se defender face a fenómenos como desinformação e ciberataques e criar um plano nacional para os combater.

“Este é um tema interessante para Portugal porque temos, em Lisboa, a academia da NATO sobre cibersegurança, que está a desenvolver uma acção nacional e a fazer a identificação dos nossos pontos de vulnerabilidade para podermos fazer um plano nacional de luta contra as ameaças híbridas”, afirmou à agência Lusa a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias.

No final de uma reunião informal dos chefes da diplomacia da União Europeia, em Helsínquia, no âmbito da presidência comunitária finlandesa, a governante explicou que foi para se precaver perante tais fenómenos que o país entregou o pedido de adesão àquele centro. “Prepara-nos melhor para toda a necessidade de cooperação nesta matéria, de troca de informação, quer ao nível da UE, quer ao nível da NATO”, justificou Ana Paula Zacarias. A ainda terá de ser aprovada numa reunião daquela estrutura, em Outubro.

Segundo a secretária de Estado, em causa estão ameaças como a desinformação e os ciberataques. “Nós normalmente damos atenção às fake news, à manipulação da informação. Essa tem sido a parte mais visível”, explicou Zacarias, adiantando, porém, que têm também existido “interferências nos sítios públicos das páginas web dos ministérios.”

Estas ameaças, “muitas vezes, são dirigidas ao Estado, aos órgãos políticos, a interferências em processos eleitorais, mas também afectam empresas, serviços financeiros”, observou a secretária de Estado. “Temos de falar e ver o que é identificado como ameaça e o que cada sector está a fazer para se precaver e tentarmos encontrar uma linha a nível nacional”, adiantou.

A criação deste plano nacional implica uma cooperação entre os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, mas também da Cultura, por tutelar a comunicação social, bem como a colaboração de entidades como o Centro Nacional de Cibersegurança.

Criado em 2017 pelo Governo finlandês, o centro junta Estados-membros da UE, como Alemanha, Áustria, Chipre, Dinamarca, Estónia, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Itália, Grécia, Letónia, Lituânia, Holanda, Polónia, República Checa, Roménia, Suécia e Reino Unido. Agrega ainda membros da NATO, como o Canadá, Estados Unidos, Noruega e Montenegro. Integra profissionais e especialistas do sector, que ajudam os membros a entender e a criar formas de defesa contra ameaças híbridas. Tem sede em Helsínquia.

Para aderir a este centro, Portugal vai pagar uma verba anual de 60 mil euros, montante que poderá vir a diminuir caso o número de membros aumente.

O tema esteve também na agenda dos ministros de Defesa da União, que se reuniram na cidade entre quarta-feira e quinta-feira, e é uma das prioridades da presidência finlandesa da UE.

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