Polícia de Hong Kong liberta líderes do movimento pró-democracia

Joshua Wong e Agnes Chow foram detidos para interrogatório. Andy Chan, acusado de agressão a um polícia, foi detido quando embarcava num avião para fora de Hong Kong.

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Joshua Wong num protesto em Junho EPA/CHAN LONG HEI

A polícia de Hong Kong libertou Joshua Wong e Agnes Chow, dois líderes pró-democracia do território que tinha sido detidos nesta sexta-feira.

“Vamos continuar a nossa luta”, disse Wong após ser libertado. “Não, as pessoas de Hong Kong, não vamos desistir de não teremos medo. Vamos continuar a lutar pela democracia”. 

De acordo com o jornal de Hong Kong South China Morning Post, Wong e outros dirigentes do seu partido, o Demosisto, foram detidos para serem interrogados por suspeita de “reunião ilegal” ao convocarem uma manifestação não autorizada para sábado.

O mesmo jornal noticia que outro membro do movimento pró-democracia, Andy Chan, foi detido na quinta-feira à noite quando tentava embarcar num avião. É suspeito de participação em motim e agressão a um polícia.

Os detidos são considerados figuras-chave do movimento pró-democracia que luta contra a aplicação do sistema chinês em Hong Kong, onde segundo o acordo de transição (quando a Reino Unido passou o território ao Governo de Pequim) devia estar em vigor o princípio “um país, dois sistemas”.

Joshua Wong tinha sido libertado em Junho da prisão. Fora detido na sequência das manifestações pró-democracia de 2014 em Hong Kong, conhecidas como Revolução do Guarda-chuva, uma campanha de desobediência civil que durou mais de dois meses e na qual se exigia o sufrágio universal no território.

Wong continuou a “fazer pressão sobre o Governo”, apostado “em mostrar ao mundo a determinação do povo de Hong Kong em lutar pela liberdade”, explicou numa entrevista à Lusa no dia 20 de Agosto.

Na entrevista, o co-fundador do partido pró-democracia comentou os protestos em curso e elogiou a iniciativa da chefe do Governo de Hong Kong de criar uma plataforma de diálogo com a sociedade, mas levantou sérias dúvidas sobre a capacidade de Carrie Lam para liderar. “É uma boa decisão e uma boa oportunidade para as pessoas de Hong Kong encetarem um diálogo com os decisores do poder”, comentou.

Protestos cancelados

Os protestos que decorrem há três meses em Hong Kong foram motivados pelo projecto de lei da extradição, que abria a porta ao julgamento na China Continental de suspeitos em Hong Kong (entre eles os activistas políticos). Porém, os manifestantes exigem agora a demissão de Lam e a não transformação de Hong Kong num território chinês, reivindicando a herança do sistema democrático do período britânico. 

Na quinta-feira, a polícia proibiu a manifestação e a marcha agendadas para sábado ameaçando que quem desobedecer pode enfrentar até cinco anos de prisão

​A decisão foi justificada com razões de segurança, com o argumento de que tem havido violência nos protestos, segundo um documento a que a LUSA teve acesso. O movimento organizador dos protestos recorreu aos tribunais para reverter a proibição, mas perdeu e cancelou as iniciativas marcadas para sábado.

“Não temos outra opção que não seja cancelar a marcha”, disse a porta-voz e vice-coordenadora do movimento pró-democracia, Bonnie Leung, considerando que não é possível “proteger os participantes de consequências legais” ou “assegurar a integridade física dos manifestantes”, que são prioridades do grupo.

Para segunda-feira está marcado um protesto de estudantes, envolvendo alunos do secundário e do universitário.

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