Trump nega ter prometido perdões aos funcionários que cometessem ilegalidades para construir o muro

Estrutura junto à fronteira do México foi uma das maiores promessas eleitorais do Presidente dos Estados Unidos, que quer evitar “derrota embaraçosa” depois de ter prometido 800 quilómetros de muro.

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Donald Trump estará preocupado com cumprimento de promessa eleitorale Reuters/BRYAN WOOLSTON

Com o objectivo de expandir ao máximo a construção do muro ao longo da fronteira com o México antes das eleições de 2020, Donald Trump pressionou assessores para a garantir a execução de contratos no valor de milhares de milhões de dólares, apreender terrenos e negligenciarem regras de protecção ambientais. Agora, disse estar disposto a perdoar a estes funcionários por ilegalidades que tenham cometido o venham a cometer.

A notícia, já negada por Trump, foi avançada esta quarta-feira pelo Washington Post, que cita, sem os nomear, funcionários que participaram nas reuniões de planeamento da estrutura. Em resposta ao jornal, um funcionário da Casa Branca garantiu que o Presidente “estava a brincar” quando falou com os funcionários.

Alguns assessores, segundo o Post, alertaram Trump para as consequências legais de algumas ordens. O Presidente mostrou-se despreocupado. “Não se preocupem, eu perdoo-vos”, terá sido a expressão usada nessa reunião de planeamento. Uma das fontes citadas pelo jornal explica que o desejo de expandir a área de construção da barreira fronteiriça se prende com a opinião do eleitorado republicano, tendo em vista a reeleição em 2020: “Ele disse que as pessoas esperavam que construísse o muro e que isso tinha de estar feito até às eleições.”

O Washington Post escreve que o incumprimento de prazos preocupa Donald Trump, que classifica uma eventual quebra da promessa eleitoral uma “desilusão para os apoiantes e uma derrota embaraçosa”. A Casa Branca pediu 3,6 mil milhões de dólares em fundos destinados ao Pentágono para auxiliar na construção do muro, depois dos legisladores terem recusado alocar cinco mil milhões de dólares para esse fim. Essa verba seria dirigida a programas do Departamento de Defesa em 26 Estados.

O muro que originou o shutdown mais longo de sempre

“Build the wall” [construam o muro] foi um dos slogans que marcaram a campanha eleitoral de Donald Trump em 2016. Segundo o então candidato republicano, a barreira serviria para impedir a entrada de imigrantes ilegais no país, bem como para fechar uma das portas de entrada de narcóticos nos Estados Unidos. Inicialmente, o Presidente prometeu aos eleitores que seria o México a pagar pela estrutura, o que não se verificou.

No final de 2018, o muro provocou a paralisação do Governo, devido à ausência dos fundos necessários para a sua construção no Orçamento de 2019: o shutdown prolongou-se durante 36 dias, tempo recorde na História dos EUA.

Apesar de ter chegado a acordo para desconvocar a paralisação, Trump foi derrotado no braço-de-ferro com os democratas. Em Fevereiro, declarou o estado de emergência nacional na fronteira entre os EUA e o México. A medida teve como objectivo direccionar milhares de milhões de dólares do Orçamento americano para a construção do muro, depois de o Congresso se ter recusado a desbloquear a verba pedida pelo Presidente.

Em Julho, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos confirmou que a Administração Trump tinha à sua disponibilidade 2,5 mil milhões de dólares para o muro. Donald Trump prometeu construir mais de 800 quilómetros durante o primeiro mandato: dados da agência responsável pela protecção fronteiriça citados pelo Guardian mostram que foram edificados pouco mais de 96 quilómetros, com previsões de que o muro atinja os 724 quilómetros no final de 2020. 

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