Libra afunda-se com pedido de suspensão do Parlamento

A moeda britânica caiu, em poucos minutos, para o seu valor mais baixo em uma semana. Investidores temem um “Brexit” descontrolado.

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© Phil Noble / Reuters

A libra esterlina caiu 1% e atingiu os 1,217 dólares, minutos depois das notícias sobre a suspensão do Parlamento britânico até meados de Outubro por iniciativa do Governo de Boris Johnson. Este valor é o mais baixo em uma semana.

Os analistas citados pelas agências sublinham que esta reacção muito negativa pode ser apenas o início, se o Parlamento for efectivamente suspenso, dado que isso significará que a saída do Reino Unido da União Europeia será precipitada sem acordo. Um passo que trará um elevado grau de incerteza aos investidores e consequências imprevisíveis em termos económicos.

Para além da desvalorização face ao dólar, a libra também caiu perto de um ponto percentual contra todas as principais divisas mundiais. No caso do euro, está cada vez mais perto da paridade, tendo baixado dos 1,1 euros, a caminho do mínimo de 10 anos atingido no início do mês (1,072 euros).

A moeda britânica tinha vindo a recuperar nas últimas sessões com os sinais de que o “Brexit” podia ser posto em prática com um acordo. No entanto, essa recuperação foi toda “apagada” pela reacção negativa desta manhã. 

A bolsa de Londres manteve, ainda assim, o seu arranque positivo, com o índice FTSE 100 a permanecer com ligeiros ganhos depois do anúncio de pedido de suspensão do parlamento. No entanto, algumas acções foram especialmente penalizadas, com destaque para os sectores da construção e da aviação, cujos títulos apresentavam perdas em torno de dois pontos percentuais. 

O índice FTSE 100 é composto também por multinacionais que podem beneficiar com a perda de valor da libra, dado que facturam em mercados estrangeiros. No entanto, o FTSE 250 – composto por empresas médias e sobretudo domésticas – está a recuar 0,8%, dado que não só o sector de construção está a sofrer com a perspectiva de um Brexit sem acordo, como também as empresas financeiras, de saúde e de energia antecipam efeitos negativos desse cenário.

O sector empresarial está especialmente alarmado, segundo explicou o director-geral da Casa de Comércio britânica, Adam Marshall, em comunicado. “As empresas sentem que Westminster está num jogo interminável de xadrez político, enquanto o seu futuro e a saúde da economia britânica está em suspenso”, explicou, acrescentando que “No mundo real, a contínua turbulência política está a prejudicar contratos, decisões de investimento e a confiança dos empresários (…), não só nos negócios domésticos, mas também entre os nossos parceiros em todo o mundo”.

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