Morreu Ferdinand Piëch, um dos nomes na génese do recordista Porsche 917

Foi um engenheiro com provas dadas e um gestor visionário. Ferdinand Piëch, neto de Ferdinand Porsche, morreu aos 82 anos.

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Ferdinand Piëch foi CEO do Grupo Volkswagen entre 1993 e 2002 Christian Charisius/Reuters

Era neto de Ferdinand Porsche, o pai do eterno Carocha, mas conseguiu inscrever o seu nome na indústria automóvel por feitos próprios não menos relevantes. Ferdinand Piëch, que se notabilizou pelos seus dotes de engenharia, mas também de gestão ao resgatar a Volkswagen (VW), transformando-a num colosso entre os seus pares, morreu no domingo à noite, aos 82 anos.

Piëch, filho de Louise Piëch com Anton Piëch, iniciou a sua carreira na Porsche, onde esteve na origem do 917, com o qual apanhou os outros construtores desprevenidos: o carro de corridas ultrapotente e leve, do qual foram feitas 25 unidades (o mínimo exigido para conseguir a homologação), venceu as 24 Horas de Le Mans em 1970 e 1971, estabelecendo o recorde da volta mais rápida naquele circuito – que, até hoje, nenhum outro conseguiu ultrapassar. 

Ferdinand Piëch esteve envolvido noutros projectos da Porsche até os membros da família terem sido afastados de cargos de decisão, o que levou o engenheiro a abraçar um novo projecto com a Audi, onde supervisionou o lançamento da, na época, revolucionária tecnologia quattro, de tracção integral, que ainda hoje integra estes carros alemães.

Mas, se em termos de produção automóvel, Piëch é um nome inesquecível, na área da gestão conseguiu também um lugar de destaque, sobretudo como CEO do Grupo Volkswagen, entre 1993 e 2002, mantendo-se como conselheiro activo até 2015. Fez os negócios de aquisição da Lamborghini e da Bentley, integrou a Bugatti Automobiles e uniu a Audi, a Seat, a Skoda e a própria VW sob o chapéu de uma mesma plataforma modular, possibilitando a partilha de grande parte dos componentes, o que permitiu reduzir os custos de produção e transformar-se num grupo forte o suficiente para fazer face a outros gigantes mundiais.

Ainda assim, o próprio via-se como um homem do terreno e não como o que ficava atrás da secretária a lidar com números, como admite na sua autobiografia: “Sempre me vi como uma pessoa do produto (…) Os negócios e a política nunca me distraíram do âmago da nossa missão: desenvolver e construir carros atraentes.”

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