Bas Dost: os golos a saírem e os euros a entrarem em Alvalade

Avançado holandês, o segundo melhor goleador do Sporting neste século, assinou contrato com o Eintracht Frankfurt. “Leões” aliviam a carga salarial e encaixam sete milhões, mas ainda têm de ir ao mercado.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

Noventa e três golos. O segundo maior goleador do Sporting neste século. Apenas o segundo, desde 2000, a entrar no top-20 de goleadores do clube “leonino”. Este é Bas Dost. Menos cerca de três milhões de euros gastos por temporada em salário. Sete milhões em caixa pela transferência. Alguma “saúde” financeira para equilibrar contas e, quem sabe, ainda atacar o mercado. Este é o Sporting, após vender o jogador

A saída de Bas Dost, transferido para o Eintracht Frankfurt, traz, inevitavelmente, a discussão pró e contra Dost, suportada entre quem gosta de estatísticas e por quem as desdenha. De um lado, diz-se que o Sporting quis, estranhamente, ver-se livre de um jogador que, em Portugal, conseguiu uma média de 31 golos por temporada. Do outro, argumenta-se que o holandês pouco mais era do que um avançado imóvel, “somente” finalizador e pouco útil à equipa em diversos momentos do jogo.

Talvez a verdade esteja a meio caminho entre estas duas posições extremas: é que Bas Dost deixa Portugal como o maior goleador do Sporting desde Liedson — e goleadores destes não existem debaixo de qualquer pedra —, mas receber sete milhões de euros por um jogador de 30 anos, que não estava a ser primeira opção na equipa — e que auferia um salário chorudo —, parece ser uma opção com alguma lógica.

Mas vamos a números. Bas Dost é, neste século, pelas estatísticas, o segundo melhor avançado que passou pelo Sporting. Em termos absolutos, só fica atrás dos 172 golos de Liedson, mas, avaliando a média de golos por jogo (um critério mais justo), só fica atrás de Mário Jardel (1,06 do brasileiro contra 0,73 do holandês). Superou, largamente, os registos de jogadores como Slimani, Acosta ou Wolfswinkel.

Apesar das estatísticas tremendas do avançado, os números não são tudo. O holandês sai do Sporting numa fase em que parecia ser um “empecilho” para Keizer, sobretudo em matéria de comprometimento defensivo e de participação nas jogadas de ataque. Luiz Phellype confere maior mobilidade, enquanto Dost foi sendo, quase exclusivamente, um finalizador “sentado” na área. E o Sporting deixou de saber — ou de querer — adaptar o seu futebol ao futebol do holandês. Depois de vários avanços e recuos nas negociações, o desfecho acabou por passar pela saída do jogador.

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Bas Dost, apesar de ter reiterado o gosto que tinha por Lisboa e pelo Sporting, precisava de um novo desafio. Ultrapassado por Luiz Phellype na hierarquia de avançados e negligenciado por Keizer no estilo de jogo da equipa, o holandês entendeu aceitar a proposta do Eintracht Frankfurt para regressar a um campeonato que conhece com profundidade.

“Estou um pouco cansado por tudo o que se passou (...) mas estou feliz, porque sempre foi o meu desejo que a transferência se concretizasse”, disse ontem o ex-sportinguista na apresentação pelo clube germânico, sublinhando que se treinou ao longo dos últimos dias em Lisboa.

O goleador assinou um contrato válido até 30 de Junho de 2022, sendo que o acordo firmado entre Sporting e Eintracht Frankfurt prevê ainda o pagamento de mais meio milhão de euros ao clube português em função de objectivos desportivos, para além de 15% de uma eventual venda futura do passe do jogador.

“Depois da saída de Sébastien Haller, era importante para nós encontrarmos uma alternativa adequada e, neste caso, é um jogador que tem muita experiência e que está preparada para nos ajudar no imediato”, resumiu o director desportivo do Eintracht, Fredi Bobic.

Se o clube alemão tem o problema do ataque resolvido, o Sporting tem um outro problema para resolver. Até porque Marcel Keizer já assumiu, publicamente, que o plantel precisa de mais um avançado. 

Certo é que, depois do ataque a Alcochete e da consequente renegociação do contrato de Bas Dost (que foi revisto em alta), o peso salarial do holandês já ficou para trás. E o Sporting não estará disposto a um esforço da mesma ordem de grandeza para encontrar um avançado indiscutível. “Temos de perceber que, face ao momento financeiro do clube, não podemos escolher qualquer jogador que queremos, temos de ver se o jogador é bom para nós e o podemos garantir”, alertou o treinador.

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