Cartas ao director

Museu de Salazar ou da grande desgraça?

Falam num Museu de Salazar, que está a ser criado, mas prefiro dizer que o ditador foi a primeira grande desgraça do nosso país. A segunda, Cavaco Silva, sem dúvida. Por outras palavras, o pai e o filho, ambos de má memória. Salazar deixou os portugueses pobres e analfabetos. Diz-se que havia muitas reservas de ouro, mas no bolso dos portugueses, que é o que verdadeiramente conta, não havia nada, rigorosamente nada. No tempo dele, chegou a haver 80% de analfabetos! Não havia Serviço Nacional de Saúde nem Segurança Social, apenas as chamadas casas do povo. E crianças com doze, treze anos tomavam conta, descalças, de rebanhos nas montanhas! Só os ricos é que estudavam. Os pobres, a grande maioria, iam para os campos ou emigravam. A guerra, infelizmente, fazia parte do nosso destino, muito mais do que o fado, e a PIDE era verdadeiro atentado à dignidade e liberdade da pessoa humana.

O orgulhosamente sós de Salazar levou-nos a não aderir ao Plano Marshall, ao contrário da Espanha, com graves prejuízos para o crescimento e desenvolvimento do país. Não creio, sinceramente, que um ditador como Salazar mereça um museu, mesmo em Santa Comba Dão que seja. Nem o facto de haver Bolsonaros, Trumps, Salvinis, Le Pen e quejandos o justifica. Portugal, velha e grande Nação, não é obrigado a seguir, de forma alguma, o lado mais negativo, diria mesmo horrendo, do dealbar deste século. Como diz o nosso povo só os bons exemplos é que se seguem. A liberdade que o 25 de Abril nos deu seria, seguramente, mais credora de um museu. E o seu nome, sem dúvida, mais bonito, abrangente e grandioso - Museu da Liberdade. Cabíamos todos e não só o ditador! Portugal, no seu todo, vale um milhão de vezes mais do que Salazar. São mesmo incomparáveis. Ainda bem!

Simões Ilharco, Lisboa

Um Serviço Nacional de Saúde para cães e gatos?

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Com todo o respeito por quem tem cães e gatos, e nada tendo contra estes animais, até por em tempos já ter tido um cão, que sempre foi muito bem tratado, “parece” no mínimo assustadora esta proposta. Quando temos as Ordens ligadas aos profissionais de saúde sempre e sempre a protestar que o SNS, para pessoas, está mal. Quando temos velhos que não tem acompanhamento humano – não só na saúde, mas também na saúde - e temos crianças que têm imensos problemas e ninguém os acompanha como o deveria fazer. Ao lermos que se deseja propor/criar um Serviço Nacional de Saúde (SNS) para cães e gatos, permitimo-nos pensar que algo está “virado ao contrário”, aqui no “jardim à beira mar plantado”! Sugerir-se criar um SNS para cães e gatos, talvez seja querer colocar as pessoas num patamar muitíssimo inferior ao que têm e merecem, estar.

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Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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