Wiggins: “Pode ser a vez de Roglic ganhar uma grande volta”

O britânica lança um olhar sobre o favoritos na Vuelta, não descarta Valverde e aponta Tao Geoghegan Hart como um nome a seguir.

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Wiggins no Tour 2012. Reuters/STEPHANE MAHE

No dia em que vai para a estrada a Volta a Espanha 2019, o britânico Bradley Wiggins faz uma reflexão sobre a prova. Em exclusivo ao PÚBLICO e ao Eurosport, o vencedor do Tour 2012 — e agora comentador de ciclismo — crê que o Giro pode ter sido a aprendizagem de que Primoz Roglic precisava para se impor. 

Os especialistas apontam Primoz Roglic e Miguel Ángel López como favoritos. Estão longe da verdade?

Não. Creio que, no papel, são eles que parecem estar na frente. Mas, no ciclismo, tal como já vimos neste ano, qualquer coisa pode acontecer, desde quedas a apenas abaixamentos de forma. Nunca descartaria Valverde, porque ele tem sido muito consistente ao longo dos anos. Mas, nesta fase, diria Primoz Roglic. Depois do que fez no Giro, creio que apendeu muito sobre ele próprio e acho que pode ser a vez de ele ganhar uma “grande volta”.

Mas conseguirá o esloveno gerir a pressão e ter sempre a equipa com ele?
Sim, creio que sim. Foi terceiro no Giro, quarto no Tour e está pronto para subir o nível. Não sei se esta corrida lhe assenta bem (…), mas espero que a equipa desta vez não o deixe sozinho quando ele estiver num “pit stop”. Mas certamente que será um candidato ao pódio e talvez possa conseguir a primeira vitória numa “grande volta”.

E quais são as reais hipóteses de o Miguel Ángel López vencer a Vuelta?
Creio que tem uma grande oportunidade. Esteve muito bem no Giro. Ele é um pouco “quente e frio”, pelo que só teremos noção da forma dele quando começar a corrida. Mas, se ele estiver no melhor das capacidades, então creio que será uma ameaça ao pódio, seguramente. Não acredito que consiga ganhar, mas acredito que estará no pódio.

A Movistar tem tido problemas a lidar com a liderança da equipa. Desta vez, terão Quintana a tentar “salvar a época” e Valverde a correr em casa. Teremos, novamente, a Movistar com problemas desse tipo?
Eles acabam sempre por resolver isso. Uma vez na estrada, eles só quererão vencer, até porque estão em Espanha e é a corrida deles. Porão as aspirações individuais de lado em benefício da equipa e acabarão por resolver isso [questão da liderança] à medida que avançam na prova. Valverde esteve no topo no ano passado até aos últimos suspiros da corrida, mas não estou certo de que ainda tenha outra vitória numa “grande volta” para dar. Já o Quintana é muito imprevisível: num minuto está bem, noutro está mal”.

Que jovens corredores podem surpreender?
Creio que há um miúdo francês na Ineos, o Kenny Elissonde. Ainda não se destacou, mas seria a minha aposta para ter sucesso. Também tenho seguido o Owain Doull e, claro, o Tao [Geoghegan Hart]. O Tao é o maior destes, porque acredito que está pronto para dar um passo em frente.

O Tao Geoghegan Hart é capaz de liderar a equipa numa “grande volta”?
Esta Vuelta pode assentar-lhe muito bem. Ele é o líder da equipa nesta prova e creio que um top-10 será um resultado de sucesso para ele. Acredito que ele esteja pronto para subir ao patamar de liderar a equipa e fazer top-10. Ele coloca muita pressão em si próprio, mas, caso evite acidentes, esta pode ser a oportunidade para ele brilhar.

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