Históricos do Leste europeu na rota de V. Guimarães e Sp. Braga

No último degrau antes de entrarem na Liga Europa, os bracarenses terão que ultrapassar o Spartak Moscovo, enquanto os vimaranenses têm como rival o FCSB, clube com origens no histórico Steaua.

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LUSA/HUGO DELGADO

Com um trajecto europeu até ao momento imaculado – venceram todos os jogos que disputaram nas pré-eliminatórias -, V. Guimarães e Sp. Braga começam hoje a tentar subir o último degrau para conseguirem entrar na fase de grupos da Liga Europa. Na rota dos dois clubes minhotos estarão dois históricos do futebol do Leste europeu que procuram recuperar os tempos de glória do passado, mas russos e romenos têm percursos recentes antagónicos. Enquanto o Spartak Moscovo, que vai defrontar o Sp. Braga, mantém-se fiel às suas origens, o FCSB, oponente do V. Guimarães, tenta crescer na sombra do histórico Steaua Bucareste, clube onde tem as raízes.

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Já com quase um mês de competição oficial nas pernas, o V. Guimarães será o primeiro clube português a entrar em acção na primeira mão do play-off da Liga Europa e a equipa comandada por Ivo Vieira terá pela frente hoje, a partir das 19h30, um rival que atravessa um momento conturbado. Ainda à procura de uma identidade, o FCSB é o clube que resultou de um litígio judicial que opôs em 2014 o seu actual proprietário, o polémico milionário romeno Gigi Becalia que já cumpriu pena de prisão por ter lesado o Estado num negócio imobiliário, e o Ministério da Defesa da Roménia.

O processo, com algumas semelhanças ao que se passa actualmente no Belenenses, resultou na impossibilidade de Becalia continuar a utilizar no clube de Bucareste o logótipo e o nome do Steaua. O litigio obrigou ao registo de um novo nome (FCSB), aceite pela UEFA em Junho de 2017, mas apesar de ser o herdeiro da longa história do Steaua, clube que venceu uma Taça dos Campeões Europeus em 1985-86, a equipa de Bucareste perdeu influência no futebol romeno – já não é campeão desde a temporada 2014-15 - e uma grande parte dos adeptos que tinha, que apoiam agora um novo clube: o CSA Steaua, que compete nas divisões secundárias da Roménia.

Se o curto passado do FCSB é tumultuoso q.b., o presente revela uma equipa com vários problemas para resolver. Vice-campeão romeno nas últimas quatro temporadas, o adversário do V. Guimarães até começou bem a época 2019-20 (quatro vitórias e um empate nos primeiros cinco jogos oficiais), mas a partir do final de Julho o clube onde alinham os portugueses Diogo Salomão e Thierry Moutinho entrou em derrapagem. Após duas derrotas em casa, o treinador Bogdan Andone foi despedido e Vergil Andronache, até aí adjunto, assumiu o papel de técnico principal. A mudança, no entanto, não se traduziu na inversão dos resultados negativos: em cinco jogos, Andronache soma uma vitória, um empate e três derrotas.

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O mau momento do FCSB, que na liga romena ocupa um incómodo 11.º lugar entre 14 equipas, coloca o V. Guimarães com o favoritismo do seu lado e Ivo Vieira, na antecipação do jogo em Giurgiu, cidade a Sul de Bucareste e bem próxima da fronteira com a Bulgária, não escondeu que os vimaranenses querem repetir na Roménia as vitórias alcançadas fora nas pré-eliminatórias: “O play-off não vai mudar o que temos feito. Vamos com o intuito de ganhar, competitivos e organizados.”

O médio francês Poha e avançado brasileiro Bruno Duarte, os mais recentes reforços dos vitorianos, são as principais novidades na convocatória de Ivo Vieira, que deixou de fora João Pedro, por opção, e Joseph, que vai parar alguns meses devido a lesão. 

Quinze minutos depois do início do FCSB-V. Guimarães, o Sp. Braga inicia o confronto com o Spartak Moscovo, um osso, em teoria, bem mais duro de roer. Considerado o “clube do povo” da capital russa, o Spartak dominou o futebol na Rússia no inicio da era pós-soviética (entre 1992 e 2001 só não foi campeão por uma vez), mas a partir de 2002 entrou num período de decadência, onde esteve envolvido em escândalos de corrupção.

O regresso do Spartak ao topo do futebol russo aconteceu apenas em 2016-17, com nova conquista do título, mas na última temporada o rival do Sp. Braga voltou a desiludir, não indo além do 5.º lugar. Apesar da época abaixo das expectativas, o bielorrusso Oleg Kononov manteve-se no comando da equipa e as principais mudanças surgiram no plantel. Com a chegada de jogadores como André Schürrle, Ezequiel Ponce ou Guus Til, o Spartak recuperou qualidade e os últimos resultados são um sério aviso para o Sp. Braga: os moscovitas somam quatro triunfos consecutivos, entre campeonato e Liga Europa.

Com um duelo difícil em perspectiva, Sá Pinto fez ontem a antevisão do play-off e alertou para algum dos atributos do Spartak: “É uma equipa madura, com jogadores internacionais. São perigosos no ataque rápido. É uma equipa equilibrada, que tem qualidade em todos os sectores. Os detalhes vão fazer a diferença.”

Jogando primeiro em casa, o técnico do Sp. Braga realçou que será importante “não sofrer e marcar”, mas recusou revelar qual será a estratégia da sua equipa após sofrer no passado fim-de-semana, em Alvalade, a primeira derrota da época. “Não faço gestão, faço uma convocatória a pensar que aqueles jogadores são os melhores para o jogo. Tenho muitos e bons jogadores, mas não os posso meter a todos. Estou muito satisfeito com a prestação de todos. Jogarão os que têm as características ideais para começar este jogo.”

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