Tribunal confirma pena de prisão do cardeal George Pell. Vaticano respeita decisão

O cardeal foi considerado culpado por cinco crimes de crimes de abuso sexual a dois meninos do coro de uma catedral em Melbourne, na Austrália, perpetrados há mais de 20 anos, e foi condenado a seis anos de prisão – uma decisão que foi agora confirmada pelo Supremo Tribunal.

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Manifestantes à porta do tribunal EPA/JULIAN SMITH

O Supremo Tribunal do estado australiano de Victoria manteve, nesta quarta-feira, a condenação do cardeal australiano George Pell a seis anos de prisão por crimes de pedofilia, rejeitando por uma votação de 2-1 o recurso da defesa.

O Tribunal considerou que a testemunha que acusava Pell de abusos sexuais depôs de forma “verdadeira”. De acordo com Anne Ferguson e Chris Maxwell, dois dos juízes, a justiça não errou ao condenar Pell a seis anos de prisão por cinco crimes de abuso sexual a dois meninos do coro de uma catedral em Melbourne, perpetrados há mais de 20 anos. 

“Em todas as inquirições, [o queixoso] revelou ser alguém que contava a verdade”, disse Ferguson. O tribunal ouviu apenas uma das vítimas, uma vez que a outra já morreu, vítima de uma sobredose de heroína, em 2014. A vítima ouvida “não tentou embelezar as suas provas ou alterá-las de uma forma que fosse favorável à condenação. Como seria de esperar, há algumas coisas que ele conseguia lembrar-se e algumas coisas que não”, cita o Guardian.

O cardeal foi considerado culpado por um crime de penetração sexual a uma criança com menos 16 anos e quatro crimes de actos indecentes na presença de outra criança com menos de 16 anos, cometidos em 1996. Os dois juízes consideraram que as bases do seu recurso – que citavam questões legais – não eram sólidas o suficiente.

Um terceiro juiz, Mark Weinberg, considerou que a vítima podia ter enfatizado algumas partes do seu testemunho e que não se podia excluir a possibilidade de que algumas fossem inventadas. No entanto, ganhou a maioria.

Através dos seus advogados, a vítima divulgou um comunicado: “Algumas pessoas sugeriram que só fiz uma queixa formal agora para obter ganhos pessoais. Nada podia estar mais longe da verdade”. “Isto não tem a ver com dinheiro e nunca teve”, esclarece.

Também num comunicado, a porta-voz de Pell disse que o cardeal estava “claramente desapontado com a decisão de hoje” e que a sua equipa legal iria “examinar com cuidado e julgamento para determinar a possibilidade de pedir uma licença especial ao supremo tribunal”. “O Cardeal Pell mantém a sua inocência.”

Vaticano reitera respeito pela decisão

Num breve comunicado, enviado depois da decisão, o Vaticano reconheceu hoje a decisão de um tribunal que manteve a condenação do cardeal George Pell a seis anos de prisão por pedofilia e reiterou o respeito pelo sistema judicial australiano: a “Santa Sé recorda que o cardeal sempre reiterou a sua inocência durante todo o processo judicial e que tem direito a recorrer ao Supremo Tribunal”.

“A Santa Sé confirma a sua proximidade às vitimas de abuso sexual e o seu compromisso com a responsabilização, através das autoridades eclesiásticas competentes, dos membros que cometeram esses abusos”, acrescentava. No entanto, o Vaticano não refere se Pell vai manter ou não o título de cardeal.

George Pell era uma “figura dominante” na Igreja Católica, tal como descreve a Reuters: foi conselheiro económico do Papa Francisco e responsável pelas finanças do Vaticano. Neste momento, está suspenso, por decisão do Papa Francisco, e impedido de “estar em contacto, de qualquer forma, com menores”. É a figura mais alta da hierarquia do Vaticano a ser condenada por abuso sexual de menores.

Foi em Dezembro que o cardeal foi considerado culpado de cinco crimes sexuais contra crianças, mas a sentença só foi revelada em Fevereiro. Em Março, foi condenado a seis anos de prisão.

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