Bolsonaro acusa ONG de incendiarem a Amazónia para o prejudicar

O Presidente brasileiro não apresentou provas. E, quando questionado sobre a propagação de incêndios descontrolados, disse que é a época das queimadas.

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Reuters/ADRIANO MACHADO

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse nesta quarta-feira, sem apresentar provas, que organizações não governamentais podem estar a incendiar a floresta amazónica para embaraçar o seu Governo, depois de lhes ter cortado o financiamento.

Bolsonaro disse que “tudo indica” que as ONG estão a ir à Amazónia para “incendiar” a floresta. Quando lhe perguntaram se tinha provas que sustentassem a acusação, respondeu que não tinha “nada escrito”, já que “não é assim que estas coisas são feitas”.

“O crime existe”, disse o Presidente brasileiro num directo no Facebook. “Essas pessoas estão a perder dinheiro.”

Os comentários de Bolsonaro vão, provavelmente, enfurecer os críticos que estão cada vez mais preocupados com as decisões do Governo brasileiro relativas à Amazónia, um dos mais importantes lugares do mundo no combate às alterações climáticas. O Brasil abriga mais da metade daquela área de floresta tropical.

Bolsonaro, que há muito é céptico em relação às questões ambientais, quer explorar economicamente a Amazónia e disse a outros países preocupados com o aumento da desflorestação desde que assumiu o poder para tratarem dos seus próprios assuntos internos.

O Presidente brasileiro declarou nesta quarta-feira que o Governo está a trabalhar para controlar os incêndios florestais na Amazónia, que atingiram um número recorde este ano. O Centro de Pesquisas Espaciais do Brasil (INPE) detectou 72.843 incêndios neste ano. Mas, quando questionado sobre a propagação dos incêndios, Bolsonaro rejeitou críticas, dizendo que é a época das queimadas, quando os agricultores usam o fogo para limpar os terrenos.

“Eu costumava ser chamado de ‘Capitão Motosserra’. Agora eu sou Nero, que incendeia a Amazónia”, ironizou. “Mas é a estação da queimada”, disse aos jornalistas.

No início de Agosto, a Noruega e a Alemanha suspenderam o financiamento de projectos para conter a desflorestação no Brasil, alarmadas com a diminuição da mancha florestal no último ano.

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