Cristiano Ronaldo diz que 2018 foi “o ano mais difícil” da sua vida. E 2020, será o ano do adeus?

Avançado da Juventus falou sobre a acusação de violação de que foi alvo nos EUA. Capitão da selecção relembrou ainda a infância na Madeira e os prémios que conquistou ao longo da carreira.

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Cristiano Ronaldo mudou-se para a Juventus em 2018 Reuters/ALBERTO LINGRIA

O futebolista português Cristiano Ronaldo, que actua na Juventus, considera que o ano de 2018, marcado pela acusação de violação de que foi alvo nos Estados Unidos, foi o pior da sua vida pessoal. 

“[O ano de] 2018 foi possivelmente o mais difícil para mim. Não a nível profissional, mas pessoal. Quando as pessoas metem em causa a tua honra, dói”, afirmou o capitão da selecção nacional numa entrevista concedida a partir da sua casa em Turim, Itália, à estação televisiva TVI, cuja primeira parte foi transmitida esta terça-feira. E reforçou: “Possivelmente foi o [ano] mais difícil que tive. Quando jogam contra a tua honra é difícil. Mas, uma vez mais, foi provado que era inocente.”

Ronaldo foi confrontado com o processo que correu nos Estados Unidos relativo a Kathryn Mayorga, autora de uma queixa relativa a um encontro ocorrido há dez anos, que fez correr “muita tinta” ao longo do ano passado, mas que terminou há cerca de um mês, após a justiça norte-americana ter anunciado não querer mover qualquer acusação judicial, por entender que as alegações não podiam ser provadas. “Os meus amigos e família sabiam que eu era inocente, mas foi muito duro”, reconheceu o capitão da equipa das “quinas”, assegurando que, apesar de tudo, conseguiu “desligar” os problemas pessoais na hora de entrar nos relvados.

Ponto final da carreira pode acontecer em 2020...ou talvez não

Para além dos casos judiciais, o capitão da selecção nacional relembrou a infância humilde na ilha da Madeira, que o motivou a dar o seu melhor no momento de provar o seu valor. “Nunca passámos fome, vivemos uma vida normal. Tínhamos sempre comidinha na mesa, porque os meus irmãos e pais trabalhavam muito. Não tinha sapatilhas de marca como tenho hoje, mas não andava descalço. Andava bem vestido, sempre com roupa lavada. Quando tive oportunidade de mostrar o que valia, ‘meti a carne toda no assador’”, afirmou.

O sucesso chegou como uma surpresa, diz. Cristiano Ronaldo admite nunca ter imaginado ser possível conquistar cinco Bolas de Ouro, mas, após a mudança para o Manchester United, em 2003, o jovem de 18 anos sentiu que a diferença de qualidade do seu jogo em relação ao dos outros craques da altura não era muita: “O meu sonho era ser jogador de futebol. Obviamente nunca pensei ganhar uma, duas ou cinco Bolas de Ouro. Com 18, 19 anos, senti que era tão bom [quanto os jogadores do Manchester United]. Que podia ser o melhor jogador da Premier League, por exemplo.”

Com 34 anos de idade, o internacional português ainda está indeciso sobre qual será o melhor momento para colocar um ponto final na carreira: tanto pode ser no próximo ano, como quando chegar aos 40 anos. Ronaldo foi a principal figura do Real Madrid durante os nove anos que passou na capital espanhola. O fluxo constante de troféus tornou-se cansativo, revela, e os galácticos passaram a ser vistos como “uma zona de conforto” a que o avançado sentiu necessidade de escapar. A Juventus foi o “desafio aliciante” que se seguiu.

A Juventus sempre foi uma equipa de que gostei. A melhor de Itália e uma das melhores do mundo. [A mudança] era um desafio: ganhei em Inglaterra, depois em Espanha e queria fazer o mesmo aqui. Nunca um jogador tinha feito isso e consegui”.

As muitas conquistas — e desilusões — serviram para colocar a carreira de futebolista em perspectiva. “O futebol não é tudo”, é o primeiro a dizer. Classificando como “boa” a sua situação financeira, o mais importante, garante, é a família. Aspecto que irá falar na segunda parte desta entrevista, que será transmitida esta quarta-feira na TVI. 

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