O Barroco e o Renascimento revisitados em Évora

Depois de uma primeira edição dedicada à música antiga, o Festival Internacional de Música de Évora está de regresso, com nove concertos gratuitos e uma série de ensaios abertos.

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O flautista e fagotista Benny Aghassi está de regresso ao festival SIMON VAN BOXTEL

O Festival Internacional de Música de Évora (FIMÉ) está de volta, a partir desta quarta-feira, para uma segunda edição dedicada aos períodos do Renascimento e do Barroco. Depois da música antiga, que dominou, há um ano, o programa inaugural deste festival com direcção artística do cantor João Moreira, o FIMÉ de 2019 abordará,"em lugares inesperados”, o repertório de compositores como Duarte Lobo, Frei Manuel Cardoso, Monteverdi, Gesualdo, Vivaldi, Couperin ou Bach. 

Ao todo, o segundo FIMÉ leva a Évora nove concertos gratuitos, protagonizados por 20 músicos, nacionais e estrangeiros. Tal como na primeira edição, o festival investe no formato das residências artísticas, convidando músicos, cantores e instrumentistas, muitos dos quais com uma prática ligada aos instrumentos de época e à execução histórica (e alguns já repetentes no festival), a imergirem na cidade. “Durante uma semana, [os artistas convidados] ocupam vários espaços, ensaiando um repertório que resultará em ensaios abertos a todos e em concertos em várias igrejas e palcos”, explica a Câmara de Évora numa nota de imprensa. O programa inclui também conversas com os músicos, visitas guiadas e recitais ao ar livre.

A abertura oficial, que terá lugar às 22h desta quarta-feira na sala de visitas da cidade, a Praça do Giraldo, faz-se com um programa integralmente dedicado a Vivaldi – a interpretar as obras do compositor italiano estará uma formação de 18 músicos liderada pelo russo Dmitry Smirnov, violinista da conceituada Orquestra do Teatro Mariinsky, de São Petersburgo. Antes, porém, às 17h, o organista Sérgio Silva protagoniza um concerto na Sé de Évora, com repetição na quinta-feira, à mesma hora, na Igreja de São Francisco. No dia seguinte, sexta-feira, será a vez de Alice Rocha fazer soar o órgão da Igreja do Espírito Santo, assim completando o ciclo Os três grandes órgãos históricos de Évora.

Outros destaques do FIMÉ incluem um concerto de cravo pelo fundador do Ludovice Ensemble, Miguel JalôtoMemento Mori, composto por obras de Froberger e Couperin, entre outros compositores (dia 22, à meia-noite, na Igreja de São Vicente); uma actuação a capella, para oito vozes, em que serão interpretadas peças de Diogo Dias Melgás, Estêvão L. Morago, Orlando di Lassus e Carlo Gesualdo (dia 23, às 19h, na Igreja dos Lóios); e uma segunda incursão em Vivaldi, num programa em que o israelita Benny Aghassi, importante nome da música clássica que já em 2018 passou pelo festival, tocará o Concerto para fagote RV500 e em que as famosas As Quatro Estações terão Dmitry Smirnov no violino (dia 24, às 19h, na Igreja da Misericórdia).

O encerramento do festival far-se-á às 19h de domingo, no Pátio da Direcção Regional de Cultura do Alentejo, com um programa exclusivamente centrado em Bach, o mais icónico dos compositores do período barroco: ao todo, 20 músicos (incluindo as sopranos Mónica Monteiro e Maria Valdmaa, as meio-sopranos Åsa Olsson e Elsbeth Gerritsen e os tenores William Knight e João Moreira) estarão em palco para interpretar as suas Cantatas BWV 155 e 182 e o quarto dos Concertos de Brandenburgo.

Tal como há um ano dizia ao PÚBLICO o director artístico João Moreira, o FIMÉ  nasceu para “colmatar uma lacuna, a falta de um grande festival regular e abrangente dedicado à música clássica [na cidade], embora haja muitos projectos pontuais ligados ao Conservatório de Música ou à Universidade de Évora”. O tenor, que tem uma ligação estreita à cidade de Évora, onde nasceu e iniciou os seus estudos musicais antes de chegar à Holanda, onde é hoje um cantor muito activo no campo da música antiga, nomeadamente no Coro de Câmara da Holanda, entre outros agrupamentos, acredita que faz falta uma oferta deste tipo numa cidade que ambiciona ser a Capital Europeia da Cultura de 2027.

O FIMÉ integra a programação do evento Artes à Rua, organizado pela Câmara de Évora, que decorre na cidade alentejana até 5 de Setembro.

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