“Em 1974, Marcelo disse-me que era marxista não leninista”

Domingos Lopes, que foi secretário de Cunhal nos governos provisórios e dirigente da secção internacional do PCP, está a escrever o relato de uma militância de 40 anos até ao desencanto.

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Domingos Lopes no anfiteatro da Faculdade de Direito de Lisboa Daniel Rocha

De 1968 a 1980 confessa que foi feliz no partido, como os comunistas se referem à sua organização. Entre a Coimbra da República dos Matulões, passando por Lisboa, da prisão e tortura em Caxias aos primeiros anos após a Revolução de Abril. Resistência e os primeiros anos de liberdade foram os bons tempos. Abandonou a disciplina partidária quando Carlos Brito foi suspenso, Edgar Correia e Carlos Luís Figueira expulsos e o Novo Impulso passou ao índex partidário. Admirou Álvaro Cunhal, mas por seis vezes é crítico com o seu legado que também refere como lastro. Aponta contradições insuperáveis e, em dois momentos, ironiza com o discurso propalado pela direcção comunista da certeza histórica e de errados estarem sempre os outros. Conta também histórias: “Em 1974, Marcelo disse-me que era marxista não leninista.” Foi uma confidência do então jovem assistente da Faculdade de Direito de Lisboa. “Já nessa altura era capaz de coisas extraordinárias”, comenta com sorna, revelando episódios das suas memórias a serem publicadas em breve. Em fase de redacção final, ainda sem título. Que que se prolongam para além do PCP na preparação do Congresso das Alternativas e na vida de um homem que não abdica de ser activista. 

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