Rebeldes sírios retiram de Khan Sheikoun, bastião em Idlib

Localidade chave na última zona da Síria controlada pelos rebeldes, Khan Sheikhoun foi, em 2017, palco de um dos piores ataques químicos do regime.

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Os civis vão fugindo de localidades atacadas na província de Idlib, a última em que os rebeldes controlam território KHALIL ASHAWI/Reuters

Grupos de rebeldes anti-Bashar al-Assad recuaram nesta terça-feira na província de Idlib e saíram da cidade de Khan Sheikun, num momento-chave na luta pela província, o último bastião da oposição armada. As forças rebeldes dizem que recuaram e reagruparam, mas parecem ter deixado aberto o caminho às forças do regime de Assad.

Khan Sheikhun, que tem uma posição numa auto-estrada que liga a cidade de Idlib a Hama, a Sul, tem sido um alvo preferencial na campanha militar de Assad lançada no final de Abril, com centenas de ataques aéreos russos que dizimaram comunidades e levaram cerca de 500 mil pessoas a deixar as suas casas.

A cidade tinha um milhão de habitantes, dos quais quase 700 mil eram pessoas deslocadas por ofensivas e confrontos noutros locais do país. Nos últimos dias, centenas de civis mantinham-se na cidade.

Conseguir controlar Khan Sheikhoun seria um passo importante para o Presidente Assad na sua tentativa de recuperar o controlo de “cada centímetro” da Síria, mas que tem esbarrado em complicações incluindo a presença de forças turcas no terreno. 

A Turquia insistiu que não iria permitir que a província caísse por acção militar, o que faria com que dezenas de milhares de refugiados entrassem no país numa altura em que as autoridades turcas estão a enviar refugiados de Istambul e cidades perto da fronteira de novo para a Síria. Com a sua presença no terreno, tenta forçar negociações. Na véspera, uma coluna turca foi atingida por um ataque.

Khan Sheikhun foi já em 2017 palco de um ataque com gás sarin que a Organização para a Proibição de Armas Químicas e uma investigação da ONU atribuem às forças de Assad. Morreram 92 pessoas e mais de 200 ficaram feridas com gravidade no ataque, um dos piores de uma longa lista durante a guerra que dura desde 2011. Em resposta, o Presidente dos EUA, Donald Trump a retaliar lançando um ataque sobre a base de onde levantou o avião que lançou o gás.

Os rebeldes que lutam na província de Idlib juntam grupos extremistas com outros combatentes anti-Assad. A presença dos jihadistas, diz o Guardian, é o pretexto para os fortes ataques da Síria e da sua aliada Rússia, que pretendem voltar a controlar toda a zona Noroeste da Síria, onde se refugiaram mais de 3 milhões de pessoas.

“Com ataques aéreos e artilharia, o regime está a avançar esmagando tudo à sua passagem”, comentou James Le Mesurier, fundador do grupo que gere a organização de resgate e defesa Capacetes Brancos, à Reuters. “As cidades e aldeias que proclamam ter libertado estão vazias de civis, que fugiram dos combates, com o que quer que tenham conseguido salvar”, continuou, sublinhando que “há cada vez menos lugares para onde podem fugir.”

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