Agente que asfixiou Eric Garner despedido pela polícia nova-iorquina

Tribunais ilibaram Daniel Pantaleo da morte por asfixia de afro-americano de 43 anos em 2014, mas força policial tomou a decisão de o despedir em resultado deste caso, que mobilizou onda de protestos contra a violência policial exercida sobre a população negra.

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Manifestantes pediram o despedimento do agente em Julho Michael McCoy / REUTERS

Daniel Pantaleo, o agente da polícia de Staten Island que em 2014 usou uma manobra de imobilização proibida para deter um vendedor de rua e o asfixiou até à morte foi despedido. Em Julho, o Departamento de Justiça norte-americano decidiu não o acusar de qualquer crime no caso da morte de Eric Garner, um afro-americano de 43 anos, cujos gritos de “I can't breathe [não consigo respirar]” se tornaram num grito de revolta contra a violência policial do movimento Black Lives Matter. Mas a polícia nova-iorquina decidiu agora afastá-lo.

O agente foi filmado a aplicar uma manobra conhecida como mata-leão — onde o pescoço do suspeito é apertado por trás — que resultaria na morte de Garner, que tinha peso a mais e era asmático. Os tribunais não conseguiram determinar se o uso de força excessiva foi deliberado, mas um processo administrativo no Departamento de Polícia nova-iorquino considerou-o culpado de violar uma proibição do uso desta manobra em vigor nesta força, disse o comissário James O’Neill, ao explicar a decisão de despedir Pantaleo, que perde também os direitos adquiridos para a reforma. A decisão, anunciada segunda-feira, teve como base a recomendação da comissária-adjunta desta força policial, Rosemarie Maldonado, que defendeu o afastamento do agente. O comissário O’Neill consumou o despedimento.

“Tornou-se evidente que o senhor Daniel Pantaleo já não pode desempenhar as funções de polícia em Nova Iorque”, concluiu James O’Neill.

A filha de Eric, Emerald Garner, agradeceu ao comissário a decisão de despedir o agente, mas criticou que tenha demorado tanto tempo entre a morte do pai e as sanções aplicadas a Daniel Pantaleo. Bill de Blasio, presidente da Câmara de Nova Iorque, mostrou satisfação com esta conclusão, afirmando que “finalmente foi feita justiça”. 

A morte de Eric Garner remonta a 2014. O afro-americano foi abordado por quatro agentes numa rua da cidade sob a suspeita de estar a vender cigarros ilegalmente. A troca de palavras que, inicialmente, se manteve pacífica, foi filmada por um transeunte. Após o homem ter dito repetidas vezes que não estaria a cometer qualquer ilegalidade, um dos agentes, Daniel Pantaleo, agarrou-o por trás, apertando-lhe o pescoço com o braço. “Não consigo respirar, não consigo respirar”, disse Garner por onze vezes, enquanto era subjugado pelos agentes. Morreria numa ambulância a caminho do hospital. Segundo o relatório da autópsia, a morte foi causada pela compressão do pescoço e do peito, para o qual também contribuíram a asma e o excesso de peso da vítima.

Esta morte foi um dos momentos impulsionadores do movimento Black Lives Matter, lançado em Julho de 2013 em resposta a sucessivos casos de violência policial contra cidadãos afro-americanos. Vários protestos — pacíficos, na sua maioria — levaram milhares de pessoas às ruas das principais cidades norte-americanas. 

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