Ministro das Finanças Olaf Scholz “pronto” a concorrer à liderança do SPD

Vice-chanceler, da ala centrista do partido, sonda as suas hipóteses numa altura em que o sociais-democratas têm apenas 13% nas sondagens.

Foto
Olaf Scholz: "Estou pronto a avançar, se quiserem" Fabrizio Bensch/Reuters

O vice-chanceler da Alemanha e ministro das Finanças, Olaf Scholz, disse que estava pronto a concorrer à liderança do Partido Social-Democrata (SPD), segundo a revista Der Spiegel.

Scholz, 61 anos, fez esta proposta num telefonema com o trio que lidera interinamente o partido após a demissão de Andrea Nahles, a anterior líder: Malu Dreyer, Manuela Schwesig e Thorsten Schäfer-Gümbel. “Estou pronto a avançar, se quiserem”, terá dito.

Scholz tinha antes recusado a hipótese de se candidatar. A revista com sede em Hamburgo diz que Scholz terá decidido avançar porque ninguém da “primeira linha” do partido o fez. 

A corrida à liderança do partido, em derrocada nas sondagens, demorou a arrancar, mas nos últimos dias têm surgido nomes de candidatos, ou melhor, duos de candidatos, como o de Boris Pistorius, ministro do Interior da Baixa Saxónia e Petra Köpping, ministra da Integração da Saxónia. Esta sexta-feira, também avançaram dois representantes da ala esquerda do partido, Gesine Schwan (professora de ciência política que já foi nomeada duas vezes como candidata do SPD à presidência e que a Spiegel diz que poderá ser “o futuro do SPD) e Ralf Stegner, antigo governador e actual chefe da oposição do estado federado de Schleswig-Holstein.

Segundo a Spiegel, com o telefonema feito no início da semana Scholz tenta sondar as suas hipóteses. Terá ainda de encontrar uma mulher para concorrer com ele enquanto duo. Na Alemanha, esta tem sido uma tradição dos Verdes, uma dupla liderança sempre com um homem e uma mulher, e para esta corrida o SPD parece estar a adoptar o modelo.

O partido está em terceiro/quarto lugar a nível nacional, segundo a última sondagem da estação de televisão pública ZDF, empatado com 13% das intenções de voto com o partido nacionalista AfD (Alternativa para a Alemanha), enquanto a CDU obtém 28% e os Verdes 27%. Está em risco de perder o estado de Brandeburgo nas eleições de 1 de Setembro (a AfD aparece em primeiro lugar, embora por uma margem mínima, nas sondagens neste estado federado ao lado de Berlim).

Scholz, que governou a cidade-estado de Hamburgo desde 2011, entrou para o Governo federal na “grande coligação” de 2017, ocupando o segundo cargo mais importante a seguir ao de Angela Merkel. Antes, foi um dos grandes defensores dessa coligação de “bloco central” (junto com Nahles), numa decisão que ameaçava “partir” o SPD: por isso terá agora oposição da ala esquerda do partido. Foi notada a sua ausência em momentos de derrota para o SPD, como a votação na Baviera em que o partido ficou abaixo dos 10% pela primeira vez numa eleição num estado federado.

O jornalista de política do diário Frankfurter Allgemeine Zeitung Oliver Georgi nota que para muitos no SPD o problema de Scholz é “não representar a ruptura urgente” que o partido precisaria para se reerguer, mas apenas a continuidade de uma situação que tem levado o SPD a resultados historicamente baixos. 

Os candidatos vão participar numa série de encontros regionais e ser submetidos a votos dos militantes. No Congresso de 6 a 8 de Dezembro será escolhida a liderança (o voto das bases não é vinculativo mas será politicamente difícil de ignorar) e o partido votará ainda o balanço do trabalho da coligação com Angela Merkel e a sua continuação no Governo.

Sugerir correcção
Comentar