Congressista Rashida Tlaib recusa visitar avó palestiniana nas condições impostas por Israel

Governo de Netanyahu proibiu visita de duas políticas norte-americanas muçulmanas, incentivado por Donald Trump, considerando que pretendiam “prejudicar Israel”.

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Rashida Tlaib escreveu uma carta ao ministro do Interior de Israel Rebecca Cook/REUTERS

Um dia depois de ter proibido a entrada da congressista norte-americana Rashida Tlaib em Israel, o Governo de Benjamin Netanyahu deu um passo atrás. Autorizou a eleita do Partido Democrata a entrar no país, para visitar a sua avó de 90 anos, que vive na Cisjordânia – mas só se a política norte-americana prometer, por escrito, que “não promoverá o boicote a Israel” durante a visita. Ela recusou “as condições opressivas”, que considerou destinadas a humilhá-la.

As congressistas democratas Ilhan Omar e Rashida Tlaib tinham programado uma visita à Cisjordânia e a Jerusalém Oriental este fim-de-semana para se encontrarem com a comunidade palestiniana, mas o Governo israelita veio dizer na quinta-feira que a visita não seria autorizada, depois de Donald Trump ter dito no Twitter que que seria um sinal de “grande fraqueza” se Israel permitisse a entrada das duas congressistas.

É uma intervenção sem precedentes de um Presidente norte-americano sobre o direito de parlamentares a circular livremente. Mas o primeiro-ministro israelita respondeu positivamente ao apelo de Trump: “Nenhum país no mundo respeita os EUA e o Congresso americano mais do que Israel. No entanto, o itinerário mostra que a única intenção das congressistas era prejudicar Israel”, afirmou Netanyahu, que enfrenta eleições antecipadas a 17 de Setembro, porque não conseguiu formar governo apesar de o seu bloco de direita ter tido teoricamente uma maioria após as eleições de Abril.

Rashida Tlaib escreveu uma carta ao ministro do Interior de Israel, Aryeh Deri, em papel timbrado do Congresso, pedindo-lhe autorização para ver a sua família, em especial a sua avó de 90 anos, que vive em Beit Ur al-Fouqa, uma aldeia palestiniana a oeste de Ramallah, conta o New York Times. “Esta pode ser a minha última oportunidade de a ver”, escreveu.

Israel deu um passo atrás, mas sem deixar Ilham Omar entrar e fazendo Tlaib sentir que não é bem-vinda. As duas congressistas democratas apoiam o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que pede um boicote generalizado a Israel, incluindo a académicos e artistas, pela sua política de ocupação de território palestiniano. O Estado hebraico considera o boicote uma ameaça à sua sobrevivência e, em 2017, aprovou uma lei que impede a entrada a estrangeiros que tenham apoiado publicamente actividades do BDS.

Tlaib não aceitou as condições. “Não posso permitir que o Estado de Israel me humilhe e use o meu amor pela minha sity para me dobrar às suas políticas opressivas e racistas”, disse no Twitter, usando a palavra sity para se referir à sua avó. “Silenciar-me e tratar-me como criminosa não é o que ela quereria para mim. Seria como matar uma parte de mim. Decidi que visitar a minha avó nestas condições seria contra tudo aquilo em que acredito  lutar contra o racismo, a opressão e a injustiça”, acrescentou.

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