Congressista republicano questiona se a “humanidade existiria sem violações nem incesto”

“O que aconteceria se verificássemos todas as árvores genealógicas e retirássemos todas as pessoas que foram resultado de violações ou incesto? Será que havia população no mundo se fizéssemos isso?”, questionou o congressista Steve King.

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Steve King REUTERS/KC McGinnis

O representante republicano Steve King questionou, na quarta-feira, se a raça humana existiria sem violações nem incesto, originando pedidos, da parte de republicanos e democratas, para que se afastasse da política, meses depois de ter sido admoestado por comentários vistos como racistas.

King teceu estes comentários enquanto explicava a sua posição contra o aborto, num evento durante o pequeno-almoço em sua casa, no estado do Iowa, relatou o Des Moines Register.

“O que aconteceria se verificássemos todas as árvores genealógicas e retirássemos todas as pessoas que foram resultado de violações ou incesto? Será que havia população no mundo se fizéssemos isso?”, disse King aos 50 membros do Clube Conservador de Westside durante o evento. O jornal publicou um vídeo do momento no seu site.

“Considerando todas as guerras, todas as violações e pilhagens que aconteceram nas diferentes nações, eu sei que não posso dizer que não sou um produto disso”, acrescentou.

Outra representante republicana, Liz Cheney, que se descreve como conservadora do Wyoming, escreveu no Twitter que “os comentários de hoje do representante Steve King são assustadores e bizarros. Como disse antes, está na hora de se afastar. A população do 4.º distrito no Congresso do Iowa merece melhor”.

King foi reeleito em Novembro para o seu 9.º mandato no Congresso, com pouco mais de 50% dos votos na sequência de anos de vitórias com dois dígitos, depois de ser duramente criticado por apoiar candidatos com afiliações a grupos que apelam à supremacia branca. 

King alimentou uma nova tempestade de controvérsia em Janeiro, quando perguntou, durante uma entrevista com o New York Times porque é que a “supremacia branca” era considerada ofensiva. Em resposta, a Câmara dos Representantes norte-americana aprovou uma resolução onde se distanciava das suas afirmações e lhe retirava responsabilidades. 

As afirmações desta quarta-feira aconteceram num ano em que uma série de estados republicanos aprovaram novas restrições ao direito ao aborto, tentando forçar o Supremo Tribunal a esvaziar a decisão Roe Contra Wade, de 1973, que reconhecia o direito de uma mulher a terminar a sua gravidez.

A mais restritiva, aprovada no Alabama, iria banir completamente o aborto, sem excepções para casos de violação ou incesto.

King opõe-se às excepções para situações de violação e incesto em leis que restrinjam o aborto e já tentou, sem sucesso, passar uma legislação que reflecte a sua posição na câmara dos representantes. “O bebé não tem culpa pelos pecados do pai ou da mãe”, disse.

Contactado pela Reuters, o porta-voz de King não se mostrou disponível para comentar.

Vários candidatos democratas à presidência, incluindo os senadores Cory Booker, Kirsten Gillibrand, Elizabeth Warren e Amy Klobuchar pediram a King que se demitisse devido a estes comentários.

“Não há lugar para o racismo, fanatismo e ódio de Steve King no Congresso”, escreveu no Twitter o ex-congressista democrata Beto O’Rourke, do Texas, que também deverá apresentar a sua candidatura à presidência.

O Senador do estado do Iowa, Randy Feenstra, que compete contra King nas primárias republicanas de 2020, disse que os comentários e comportamentos de King eram “bizarros”, no Twitter.

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