Já há 23 mil registos na aplicação onde podes denunciar o lixo marinho

Plataforma de ciência cidadã já registou 23 mil resíduos em praias da costa portuguesa — um número “positivo” para um projecto com seis meses, mas muito pequeno face ao problema da poluição marinha.

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Rafael Marchante/Reuters

Uma aplicação de ciência cidadã que permite identificar lixo nas praias portuguesas já tem 23 mil registos. A grande maioria corresponde, sem surpresas, ao lixo mais frequentemente encontrado na costa: beatas de cigarros e objectos de plástico descartável, informou a coordenadora do projecto da Universidade de Coimbra, Filipa Bessa.

A plataforma que permite a qualquer pessoa registar e contabilizar lixo marinho encontrado na praia pretende sensibilizar a população para o combate ao lixo marinho, contribuindo para a preservação dos oceanos.

Em seis meses de actividade, a aplicação conta com 900 utilizadores registados, disse à agência a coordenadora do projecto desenvolvido pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Universidade de Coimbra, em parceria com a Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM). “Estamos muito satisfeitos com os resultados alcançados nestes seis meses”, frisou a investigadora, explicando que, estando o MARE sediado na Figueira da Foz, é nessa zona e na grande Lisboa (onde está instalada a APLM) que mais registos têm sido feitos através da aplicação. Filipa Bessa sublinhou que o primeiro ano da plataforma está a servir, acima de tudo, “como teste à aplicação”, notando ainda que a campanha tem sido feita, essencialmente, através do “boca a boca” e das cerca das 20 parcerias realizadas com associações, entidades públicas e escolas, entre outras instituições.

O projecto pretende estender parcerias, nomeadamente com escolas, de forma a garantir uma representação de todo o território. “Será importante perceber se há diferentes tipos de resíduos em determinadas zonas, por forma a haver uma acção e redução efectiva do lixo marinho em Portugal”, sublinhou Filipa Bessa. Segundo a investigadora, a Agência Europeia do Ambiente tem pedido dados de lixo marinho às entidades nacionais e, em Portugal, não existe essa compilação de dados, apesar das campanhas de sensibilização e recolha que se têm vindo a multiplicar.

“Para além da sensibilização, queremos produzir dados e informação útil para as tomadas de decisão”, vincou Filipa Bessa. A plataforma, que contou com apoio de fundos europeus, permite a contagem simples e mapeamento de lixo marinho nas praias da costa portuguesa, nomeadamente em eventos de limpeza dos areais.

A contagem simples, composta por 20 itens representando os materiais e resíduos que mais se registam nas praias de Portugal, indicará as tendências dos tipos de lixo ao longo do tempo e ao longo do território. A contagem científica, dirigida a investigadores e técnicos especializados, inclui uma lista mais alargada de tipos de lixo marinho.

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