Economia resiste a abrandamento europeu e estabiliza no segundo trimestre

PIB português volta a crescer 0,5% no segundo trimestre do ano, repetindo o desempenho registado no início de 2019. Desta vez, o contributo positivo veio mais da procura externa do que da interna.

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daniel rocha

A economia portuguesa manteve, durante o segundo trimestre, o mesmo ritmo de crescimento registado no arranque do ano, resistindo ao cenário de abrandamento que se verifica actualmente no total da zona euro.

De acordo com a estimativa rápida das contas nacionais publicada esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), durante o segundo trimestre o PIB cresceu 0,5% face ao trimestre imediatamente anterior e 1,8% quando comparado com igual período do ano anterior. Estes resultados são idênticos aos registados durante o primeiro trimestre do ano, período em que o crescimento em cadeia foi também de 0,5% e o crescimento homólogo de 1,8%.

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No total da zona euro, de acordo com estimativa publicada também esta quarta-feira pelo Eurostat, a economia passou de um crescimento em cadeia de 0,4% no primeiro trimestre para 0,2% no segundo, tendo a variação homóloga do PIB passado de 1,2% para 1,1%. A maior parte dos países da zona euro registou um abrandamento na variação homóloga do PIB: entre os 13 países para os quais já há dados disponíveis, oito abrandaram e três aceleraram. Dois países, um deles Portugal, estabilizou o seu ritmo de crescimento.

Pela negativa destacou-se a maior economia da zona euro. A Alemanha, confirmando as expectativas dos analistas, registou no segundo trimestre do ano uma contracção da sua economia. A variação do PIB em cadeia passou de 0,4% para -0,1%, enquanto em comparação com o período homólogo do ano anterior, o ritmo de crescimento caiu de 0,9% para 0,4%. A Itália viu a sua economia estagnar durante o segundo trimestre (crescimento zero tanto em termos homólogos como em cadeia), a França continua a resistir com ritmos de crescimento moderados (0,2% em cadeia e 1,3% em termos homólogos) e a Espanha deu sinais de um ligeiro abrandamento (a variação em cadeia passou de 0,7% para 0,5% e a homóloga de 2,4% para 2,3%).

Na informação publicada esta quarta-feira, o INE não detalha ainda o valor das diversas componentes do PIB português. No entanto, dá nota de uma alteração, face ao primeiro trimestre, na forma como a procura interna e externa estão a contribuir para o crescimento da economia. Enquanto no primeiro trimestre, tinha sido a procura interna - com um desempenho bastante forte do investimento - a ser decisiva para o ritmo de crescimento registado, agora verificou-se um contributo menos negativo da procura externa líquida (exportações menos importações), por força principalmente do abrandamento das importações.

O INE afirma que, em termos homólogos, o contributo da procura interna “diminuiu, reflectindo a desaceleração das despesas de consumo final e, em larga medida, do investimento”. E que, “em sentido contrário, o contributo da procura externa líquida foi menos negativo que o observado no trimestre anterior, em resultado da maior desaceleração das importações que a observada nas exportações”. Quando a análise é feita à variação do PIB em cadeia, verifica-se mesmo que o contributo da procura interna foi negativo e o contributo da procura externa líquida positivo, numa inversão completa daquilo que tinha acontecido durante o primeiro trimestre do ano.

O Governo prevê, para a totalidade do ano, um crescimento da economia portuguesa de 1,9%, um valor que fica acima dos 1,7% que são antecipados pelo Banco de Portugal, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional. Até agora, chegados a metade do ano, o crescimento está a meio destas duas previsões, nos 1,8%.

Numa reacção aos números publicados pelo INE, o Ministério das Finanças emitiu um comunicado em que destaca o facto de Portugal ter registado “o 21º trimestre consecutivo de crescimento”, “mantendo a dinâmica de crescimento verificada no trimestre anterior” e reforçando “a trajectória de convergência face à Europa”. 

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