Calatrava condenado a pagar indemnização pela sua ponte em Veneza

O conhecido arquitecto valenciano Santiago Calatrava foi condenado pelo Tribunal de Contas de Veneza a indemnizar o erário da cidade por erros de projecção da Ponte da Constituição.

Início das obras da ponte que liga a estação de comboios Santa Lucia à Piazzale Roma
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Início das obras da ponte que liga a estação de comboios Santa Lucia à Piazzale Roma Andrea Pattaro/reuters
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A obra terminou em 2008 mas não mereceu inauguração oficial Mario Roberto Durán Ortiz/WikiCommons

É a quarta ponte sobre o Grande Canal veneziano e a primeira que foi construída em 125 anos. Tem 94 metros de comprimento por quase dez de largura e vista sob determinados ângulos faz lembrar a asa aberta de um pássaro.

As obras da conhecida Ponte da Constituição, ou Ponte Calatrava, terminaram em 2008. Do orçamento inicial de sete milhões de euros, a obra extravasou para os 11 milhões. É precisamente por essa discrepância de valores que o Tribunal de Contas de Veneza quer ver o erário da cidade ressarcido. Responsabiliza o arquitecto valenciano Santiago Calatrava por todos os erros iniciais do projecto e pelas inúmeras e dispendiosas intervenções que foram necessárias já depois da obra concluída. Segundo relata o diário espanhol El País, a sentença sobre Santiago Calatrava foi conhecida a 6 de Agosto e obriga ao pagamento de uma indemnização de quase 78 mil euros. Também o engenheiro veneziano Salvatore Vento está condenado a pagar quase 11 mil euros. Ambos terão ainda de arcar com as custas processuais que se arrastam pelos tribunais há mais de uma década. Para o colectivo de juízes, o processo da Ponte da Constituição foi uma “negligência de dimensões macroscópicas”. 

Nunca foi uma obra pacífica. Em 2008, as autoridades de Veneza viram-se forçadas a cancelar a cerimónia de inauguração da Ponte da Constituição sob uma chuva de protestos. Aos sucessivos atrasos na entrega da obra, somaram-se polémicas com quedas provocadas pelo piso (a ponte foi construída em aço, vidro e pedra) e críticas de associações defensoras dos direitos do deficiente porque o projecto inicial não previa a acessibilidade de pessoas em cadeira de rodas.

Santiago Calatrava, também responsável pela obra da Estação do Oriente, em Lisboa, chamou à Ponte da Constituição “a passarela de luz”. Para o procurador do Tribunal de Contas de Veneza Carmine Scarano, “a quarta ponte sobre o Grande Canal constitui um dano permanente”.

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