FC Porto de desastre em desastre até uma eliminação surreal

Russos, perfeitamente ao alcance dos “dragões”, estiveram a vencer por 0-3 mas sofreram até ao apito final. “Azuis e brancos” caem para a Liga Europa.

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O FC Porto despediu-se de forma inglória e até traumatizante da Liga dos Campeões, falhando o acesso ao play-off de forma inacreditável, com uma derrota que até podia ter sido mais pesada (2-3). Em pleno Dragão, onde a equipa portuguesa tinha tudo para passar à eliminatória decisiva para a entrada, pelo nono ano consecutivo, na fase de grupos da Champions, quase nada correu de feição à equipa de Sérgio Conceição, que acaba remetida para a Liga Europa.

Sobre os quase 45 milhões de euros esbanjados não há muito a acrescentar, embora essa seja uma questão vital para o futuro portista, ainda dependente do cumprimento do fair-play financeiro imposto pela UEFA. No meio de um cenário de derrocada, perante um Krasnodar que até teve a sorte de marcar logo a abrir para depois saber aproveitar os equívocos portistas, apenas a registar a reacção à adversidade. Ao ponto de ter estado perto de conseguir empatar e continuar em prova. Mas, sem reviravolta, o “dragão” segue mesmo para fase de grupos da Liga Europa, onde o prestígio e a compensação financeira obrigam a questionar muitas das premissas de uma época que arranca da pior forma possível, depois do desaire em Barcelos na 1.ª jornada da Liga.

Com Danilo recuperado mas distante do nível desejável, Sérgio Conceição reservou ainda três surpresas para a partida com os russos, apostando no argentino Renzo Saravia, à direita, em Luis Díaz, na extrema esquerda, e em Nakajima a flutuar entre uma posição mais interior e as duas alas, no apoio a Marega. 

Depois da entrada desastrada no campeonato, o treinador portista não tinha margem de erro na antecâmara da Champions, que até abordava com o conforto do golo de Sérgio Oliveira no último minuto da partida da Rússia (0-1). Mas bastaram três minutos para que nova entrada desastrada mudasse a narrativa do jogo, com o Krasnodar a marcar por Vilhena, na sequência de um canto:  o holandês surgiu sem vigilância ao segundo poste, aproveitando um desvio infeliz de Danilo para bater Marchesín pela primeira vez.
Um revés que igualava a eliminatória, mas não impedia o FC Porto de pensar que podia rapidamente rectificar a entrada em falso. 

Luis Díaz, Nakajima e Pepe foram os grandes responsáveis pela reacção portista nos minutos imediatos, em que Alex Telles também contribuiu com cruzamentos milimétricos a que Marega e Corona não chegaram e que Saponov ia recolhendo.

O Krasnodar, que pela voz do treinador adjunto tinha deixado o aviso, dizendo que já sabia como explorar as fragilidades dos “dragões”, nem sequer precisou de alterar muito a equipa em relação ao jogo da primeira mão. Na verdade, apenas uma diferença, com a entrada de Shapi Suleymanov para o lugar de Namli. E os russos não podiam ter sido mais certeiros. O jovem avançado de 19 anos rapidamente inscreveria o nome na história do jogo, ao marcar aos 13 e aos 34 minutos, arrasando por completo a estratégia de Sérgio Conceição. 

O FC Porto parecia então impotente para travar um adversário que só não foi ainda mais longe porque não mostrou capacidade para explorar os constantes equívocos da equipa portuguesa, com Saravia e Marcano em verdadeira noite não. 

O lateral argentino acabou, inclusive, por ceder o lugar para a entrada de Zé Luís apenas quatro minutos depois de os russos terem chegado ao terceiro golo. Sérgio Conceição era forçado a tomar medidas drásticas e abdicava da iniciativa de Corona, requisitado para preencher o corredor, com particular atenção às missões defensivas, para ganhar presença na área... embora na prática o mexicano continuasse a criar problemas a um Krasnodar cada vez mais retraído, à espera que o tempo se esgotasse. Até porque as contrariedades para os portistas ainda não tinham acabado: logo a abrir a segunda parte, o FC Porto perdeu Sérgio Oliveira, lesionado, acabando por precipitar a estreia do colombiano Matheus Uribe. 

Apesar da expectativa gerada em torno do ex-América, do México — que esteve bastante discreto —, seria Zé Luís a corresponder, de cabeça, a mais um bom cruzamento de Alex Telles, para reacender a chama do “dragão”, levando a plateia a acreditar que ainda poderia evitar um descalabro com contornos de surrealismo. Luis Díaz ainda deu novo fôlego aos anfitriões, com um golo que prometia ressuscitar os portistas (76’), ao ponto de adiar a entrada de Aboubakar, mas o destino estava mesmo traçado. 

Nakajima rematava de qualquer lado, de qualquer ângulo, exagerando na tentativa de bater Safonov e aumentando o desespero da equipa que continuava a viver muito de Corona. A raça do ala, que acabou esgotado, ia mantendo a crença, numa fase em que o Krasnodar se limitava a aguardar pelo apito final. Sinal que acabou mesmo por esgotar todas as tentativas para evitar um desfecho que promete marcar a época “azul e branca”.

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