Victor Willing em retrospectiva na Hastings Contemporary

Entre Outubro e Janeiro de 2020, a galeria de arte contemporânea Hastings Contemporary, no East Sussex, mostra uma inédita retrospectiva da obra de Victor Willing que inclui obras desde o tempo em que se mudou com Paula Rego.

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"Standing Nude" (circa 1952-23) vai ser uma das obras em exposição na "Victor Willing: Visions" dr

Chama-se Victor Willing: Visions e é a primeira retrospectiva da obra do artista plástico Victor Willing (1928-1988) a acontecer em território britânico. A galeria de arte contemporânea Hastings Contemporary, no condado de East Sussex, vai mostrar trabalhos de pintura, desenho e escultura desde que nos anos 50 Willing conheceu a artista portuguesa Paula Rego na Slade School of Fine Arts — com quem se viria a casar em 1959, depois de se divorciar da sua primeira mulher —, passando pelos anos em que viveu em Portugal e os anos em que trabalhou já em Londres, antes da sua morte prematura — foi-lhe diagnosticada esclerose múltipla nos anos 1960. 

“É a possibilidade de um encontro com a obra de um artista revolucionário cujas telas de grandes dimensões ilustram momentos da sua vida familiar com a mulher e artista Paula Rego bem como períodos emocionalmente sombrios”​, revela a porta-voz da Hastings Contemporary num comunicado citado pela publicação especializada The Art Newspaper. 

Esta retrospectiva traz ainda a novidade de uma curta-metragem realizada pelo filho, Nick Willing, com “material inédito recolhido nos arquivos da família e que lança novas perspectivas sobre as dinâmicas familiares e o processo criativo de Willing”, sublinha o mesmo comunicado.

Há dois anos, Nick Willing estreou Paula Rego, Histórias & Segredos, o documentário com chancela BBC que revelou a intimidade de uma mulher habitualmente reservada e que aos 80 anos resolveu expor-se como nunca antes o fizera para uma câmara, tendo o filho como interlocutor. Ao diário britânico Telegraph, Nick Willing dizia no início de 2019: “Ela [Rego] ficou-lhe rendida desde o momento em que se conheceram, no início dos anos 50, e quando fala sobre ele é para reforçar o quanto ele a compreendia, e em particular ao seu trabalho... o seu génio era compreender o trabalho dela como ninguém”. 

Sobre a obra de Victor Willing, o historiador de arte Nicholas Serota, que foi director da Tate durante quase 30 anos e deixou o cargo em 2017 para assumir a presidência do Arts Council England, afirmou: “Numa geração brilhante, Victor Willing brilhou mais do que a maioria” e as suas pinturas “continuam a demonstrar que não se tratou de uma estrela cadente, mas sim de um cometa que eventualmente nos poderia guiar a todos”. Para Liz Gilmore, directora da Hastings Contemporary, “esta é uma exposição importantíssima e que se apoderou de quase todo o espaço da galeria com o mérito de devolver Victor Willing ao olhar do público em geral. Willing foi um artista que inspirou, e inspira, gerações de artistas.”

Além de obras conhecidas como Standing Nude (circa 1952-23) ou o díptico Blue Nude (de 1958, já Willing e Paula Rego viviam na Ericeira),​ a exposição Victor Willing: Visions traz também o trabalho de vários artistas seus contemporâneos, incluindo os colegas Michael Andrews (1928-1995) e, claro, Paula Rego, recorrendo a empréstimos da Tate, da Casa das Histórias Paula Rego — que apresentou em 2010 uma retrospectiva da obra de Willing — e do The Arts Council Collection. A mostra, de 19 de Outubro a 5 de Janeiro de 2020, tem um catálogo com ensaios do crítico de arte John McEwen e textos do próprio Willing e “oferecerá aos visitantes a possibilidade de encontrar este artista inovador, mas esquecido”.

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