Estados Unidos vão deixar mais desprotegidos animais ameaçados

A Administração Trump está a finalizar as alterações à Lei das Espécies em vias de Extinção e as organizações de defesa dos animais dizem que vão colocar muitas das espécies protegidas em risco.

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A lei foi responsável por salvar da extinção a águia-de-cabeça-branca, símbolo dos EUA LUSA/RONALD WITTEK

A Administração Trump está a finalizar as alterações à Lei das Espécies em vias de Extinção, anunciaram o Serviço de Pesca e Vida Selvagem e o Serviço Nacional de Pesca Marinha do Departamento do Comércio. Ainda que a Casa Branca garanta que estas alterações irão proteger as espécies ameaçadas, organizações de defesa da vida animal contestam a narrativa e dizem que a consequência será a oposta.

“As revisões finalizadas nesta regulamentação enquadram-se perfeitamente no mandato do Presidente de aliviar o peso da carga reguladora do povo norte-americano, sem que sejam sacrificadas as ‘metas de protecção e recuperação’ das espécies”, disse em comunicado o secretário do Comércio, Wilbur Ross, citado pela Reuters.

A lei entrou em vigor em 1970 e acredita-se que foi responsável pela recuperação de muitas espécies na altura à beira da extinção, como foi o caso da águia-de-cabeça-branca (símbolo do país), das baleias-cinzentas e dos ursos pardos. Porém, a lei nunca foi bem acolhida pelos interesses dos sectores petrolífero e mineiro, que a vêem como obstáculo à exploração de vastas áreas de território do país.

Neste sentido, diz a Reuters, estas alterações legislativas são apenas mais uma movimentação da Administração Trump para facilitar a actividade económica destes sectores, eliminando parte da regulamentação ambiental que até agora tinham de cumprir. Por exemplo, uma das mudanças é o fim da protecção de espécies independentemente da importância económica da zona, diz a agência.

“Estas alterações são como uma escavadora contra a protecção da vida animal ao abrigo da Lei de Espécies em vias de Extinção”, disse Noah Greenwald, do Center for Biological Divesity, em comunicado. “Para animais como o glutão [ou carcaju] e as borboletas-monarca, isto pode ser o princípio do fim”.

Quando as alterações entrarem em vigor, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem terá, por exemplo, de redigir regras específicas para cada espécie ameaçada – perfazem 20% de todas as espécies protegidas –, o que causará um atraso significativo na sua intervenção no terreno. Porque, na prática, as espécies ameaçadas deixam de receber, como até agora, o mesmo estatuto das espécies em extinção.

E a designação de habitats para espécies ameaçadas pelas alterações climáticas também passará a ser proibido, segundo o Center for Biological Diversity. A Administração Trump rejeita as alterações climáticas e ordenou que esse factor deixasse de constar na legislação.

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