Associação patronal está no Ministério das Infra-Estruturas para tentar resolver a crise

Dirigentes da União de Transportadores Portugueses dizem que querem ser ouvidos sobre a solução que, defendem, vai resolver a crise de combustíveis e parar a greve de motoristas.

Foto
LUSA/LUÍS FORRA

Uma delegação com seis dirigentes da União de Transportadoras Portugueses (UTP) está esta manhã no Ministério das Infra-Estruturas a pedir um encontro urgente com o Governo e a reclamar para ser ouvida sobre o desenlace desta crise de combustíveis. Um dos dirigentes desta associação, Domingos Pereira, que no sábado esteve reunido com os sindicatos dos motoristas no plenário de Aveiras de Cima, disse ao PÚBLICO que se vai manter nas instalações do ministério até ser ouvido. Chegaram ao local às 10h e três horas depois ainda não tiveram um interlocutor que ouvisse as suas reivindicações. “Ministro, secretário de Estado, chefe de gabinete, assessor. Alguém tem de nos ouvir”, reclamou, dizendo estar munido de propostas concretas para solucionar esta crise.

A UTP é uma associação patronal que representa cerca de 50 empresas de transporte de mercadorias e que tem interposta uma acção em tribunal contra a aplicação do Contrato Colectivo de Trabalho Vertical (CCTV) assinado em Setembro de 2018. Tal como os sindicatos agora em greve, esta associação de patrões não se revê no contrato assinado entre a Fectrans (a Federação de Sindicatos do Sector, afecta à CGTP) e Antram, a maior associação de transportadores rodoviários de mercadorias.

Domingos Pereira diz que tem tentado marcar audiências por email e por telefone, mas na ausência de resposta, resolveu dirigir-se ao ministério, com mais cinco dirigentes, para insistir com o Governo para ser ouvido e reclamando ter uma solução para o impasse que está criado. “Temos propostas concretas a ser discutidas. Tal como estes sindicatos, nós também queremos o fim da cláusula 61 e sabemos que há outra maneira de pagar aos motoristas, cumprindo a lei”, disse Domingos Pereira ao PÚBLICO.

A chamada “cláusula 61” é um dos aspectos do novo contrato colectivo de trabalho que é muito contestado pelos motoristas. Porque a sua aplicação fez com que os trabalhadores deixassem de ser remunerados pelas horas extraordinárias a que são sujeitos para cumprir as escalas de trabalho – tendo passado a receber, antes, uma espécie de isenção de horário de trabalho. Todos recebem duas horas extra por dia – quer as cumpram quer não. Os motoristas queixam-se de que são muitos mais os dias em que há horas extraordinárias que superam essas duas horas.

No sábado, este dirigente da UTP esteve no plenário dos motoristas a dizer isto mesmo e informou-os de que tencionava ir pessoalmente ao Ministério das Infra-Estruturas levar as propostas ao Governo, e pedir para ser ouvido na mesa das negociações. “Esta seria uma forma de os sindicatos desconvocarem esta greve e de nos juntarmos todos à mesa para negociar”, insistiu.

Sugerir correcção
Comentar