Primo Levi: o testemunho como forma literária

No ano em que se comemora o centenário do nascimento de Primo Levi, o autor de Se Isto é um Homem, impõe–se um olhar sobre a obra desde escritor que não foi apenas uma testemunha exemplar do Holocausto, foi também um grande escritor que começou por querer negar essa condição.

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Gianni Giansanti

O centenário do nascimento de Primo Levi completou-se no dia 31 de Julho. A efeméride fornece a ocasião para uma revisita que se prolongará durante todo o ano em várias latitudes, não apenas em Itália, da obra do autor de Se Isto É um Homem – livro com o qual o escritor italiano ficou conhecido e que faz parte do cânone global do “Holocaust Discourse”. A projecção mundial desse livro teve o efeito de deixar na sombra, durante muito tempo, a dimensão da obra literária de Levi, que não se limita a um só livro, dotado de um complexo estatuto que o torna um supra-numerário no campo da literatura, nem a um só género. Esse livro tornou-se um “clássico”, um modelo de narrativa testemunhal de um judeu deportado num campo nazi (Monowitz, que fazia parte do complexo de Auschwitz). Ora, sem relativizar a importância desse livro, o que este centenário faz emergir com força é algo que a recepção da obra de Primo Levi, depois da sua morte (em 11 de Abril de 1987, na sequência de uma queda nas escadas do prédio onde vivia, em circunstâncias que permitiram alimentar a especulação de que se tratou de um suicídio) tornou evidente: que se trata de um grande escritor da literatura italiana da segunda metade do século XX.

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