Caminho de Santiago do Noroeste e Rota do Vinho Verde aumentam hóspedes no Norte

O estudo refere-se à evolução de hóspedes num período de 15 anos, entre 2003 e 2017, e comparou os hóspedes dos 86 municípios do Norte com três Caminhos de Santiago.

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Nelson Garrido

Os municípios do Norte que integram o Caminho de Santiago do Noroeste e a Rota do Vinho Verde têm em média 90% e 73,6%, respectivamente, mais hóspedes do que os restantes, conclui um estudo da Universidade do Minho.

“O facto de um município estar presente no Caminho de Santiago do Noroeste traduz-se, em média, num volume de hóspedes maior em aproximadamente 90% do que os municípios que não se encontram neste caminho”, lê-se nas conclusões finais” da tese da Universidade do Minho intitulada O Cenário Turístico no Porto e Norte de Portugal -- Factores de Atracção do Turismo.

O estudo refere-se à evolução de hóspedes num período de 15 anos, entre 2003 e 2017, e comparou os hóspedes dos 86 municípios do Norte com três Caminhos de Santiago (Caminho Central, Caminho do Noroeste e Caminho de Celanova).

Outra conclusão do trabalho da autoria de Caio Gomes Martins, ao qual a Lusa teve acesso, é que a Rota do Vinho Verde é um atractivo maior para a região Norte de Portugal nos últimos 15 anos, quando comparado com as rotas de vinhos do Douro e de Porto.

“A existência da Rota do Vinho Verde traduz-se, em média, no “número de hóspedes nos municípios presentes nesse percurso em 73,6% superior ao daqueles [município] que não estão inseridos nessa rota”.

Em entrevista telefónica à Lusa, Caio Gomes Martins destacou que outra das conclusões do estudo revela que o aumento de “uma unidade” de alojamentos destinados ao turismo “aumenta o número de hóspedes em 2%”.

A relação positiva entre o número de oferta hoteleira e o número de hóspedes em cada município é considerada “uma variável positiva”, porque quanto mais oferta houver de hotéis ou outros alojamentos, maior o número de hóspedes, porque há mais “qualidade” e “preços mais concorrenciais”, explica o economista.

Em 2017, o município do Porto possuía “16 vezes mais alojamento turístico (239) que a média dos municípios da região Norte (15), refere-se no trabalho.

Os municípios que têm uma presença maior de edifícios culturais, como museus e ou galerias de arte, também são mais atractivos para a questão do aumento de hóspedes na região Norte. O estudo refere que o efeito do número de galerias de arte e museus “aumenta, em média 1,5%, o número de hóspedes”.

A fracção de município que possui entre zero e 10 galerias de arte e museus é superior a 90% na análise entre 2003 e 2017.

Os índices de “rendimento” e de “construção civil” também se revelam ferramentas importantes para o nível de desenvolvimento local com impactes positivos no aumento do número de hóspedes.

O aumento de um ponto na escala do índice de rendimento leva ao aumento, em média, de 8,5% no número de hóspedes"; e o aumento dum ponto no índice de construção civil leva, por seu turno, a um crescimento médio de 2,5%.

Há uma “relação negativa” entre a criminalidade e o número de hóspedes.

“Mais criminalidade contra as pessoas, menor turismo”, disse Caio Gomes Martins, considerando que se a cidade do Porto, “uma das mais violentas do Norte de Portugal”, tivesse uma criminalidade menor iria ter “mais turistas” do que os actuais.

Em 2017, havia apenas 10 municípios com população superior a 100 mil habitantes no Norte e que, ordenados em ordem decrescente, são em primeiro lugar Vila Nova de Gaia, seguida por Porto, Braga, Matosinhos, Gondomar, Guimarães, Santa Maria da Feira, Maia, Vila Nova de Famalicão e Barcelos.

As metodologias utilizadas na tese de mestrado tentaram medir a relação entre variáveis como os elementos culturais, oferta de hotelaria, recursos naturais, investimento público, segurança, Caminhos de Santiago, Rotas do Vinho, entre outros, e a variável do número de hóspedes no período de 15 anos, tanto a nível regional, como a nível municipal.

O estudo recomenda que o poder público e do sector privado se devem aliar para promover e desenvolver elementos culturais, bem como para melhorar a oferta hoteleira e controlar e reduzir a criminalidade.

Incentivar o desenvolvimento económico local e a infra-estrutura para “possibilitar um melhor fluxo turístico”, bem como desenvolver “melhores planos de marketing em relação às rotas turísticas, designadamente dos Caminhos de Santiago e das rotas de vinho, são outras das recomendações.

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