Há mais candidatos do que vagas no ensino superior

É a segunda vez em dez anos que a procura supera a oferta de vagas. Apresentaram-se à 1.ª fase do concurso nacional de acesso 51.291 estudantes, o que representa um aumento de 3,4% face ao ano passado.

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É a segunda vez na última década em que há mais candidatos ao ensino superior do que o número de vagas Paulo Pimenta (arquivo)

Haverá estudantes a ficar de fora quando em Setembro forem conhecidas as colocações no ensino superior público. O número de candidatos à 1.ª fase do concurso nacional de acesso, que encerrou à meia-noite desta quarta-feira, supera o total de vagas disponibilizadas palas instituições. São 51.291 alunos a lutar por 50.860 lugares.

O total de candidatos divulgado pela Direcção-Geral do Ensino Superior nesta madrugada representa um aumento de 3,4% em relação ao ano passado — quando se tinham candidatado 49.625 estudantes.

Este aumento “representa um sinal positivo na evolução registada ao longo dos últimos anos, designadamente em termos do alargamento da base social do ensino superior”, valoriza o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), numa nota à imprensa.

A tendência de crescimento da procura do ensino superior já tinha sido antecipada pelo PÚBLICO a meio do concurso nacional de acesso. Na altura, o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, João Guerreiro, classificou os números como “francamente positivos”, mas considerava ser ainda prematuro fazer um balanço definitivo.

Este resultado é visto como surpreendente pelo sector. Quando lançou o concurso de acesso deste ano, o MCTES antecipava que, “face aos resultados dos exames nacionais já realizados”, seria “expectável que o número de candidatos às vagas colocadas a concurso fosse semelhante ao ano anterior”. Os responsáveis das instituições acreditavam também que era isso que aconteceria, tendo por base projecções demográficas.

É apenas a segunda vez na última década em que há mais candidatos ao ensino superior do que o número de vagas disponibilizado pelas universidades e politécnicos públicos. A outra aconteceu em 2017. No ano seguinte, deu-se uma quebra na procura do ensino superior, pondo fim a um ciclo de quatro anos consecutivos em que o número de candidatos ao concurso nacional de acesso tinha aumentado. Registaram-se menos 3000 concorrentes.

Na altura, os responsáveis do sector “culparam” os maus resultados dos alunos nos exames nacionais desse ano pelo decréscimo de candidatos. Este ano houve média positiva em todas as disciplinas na 1.ª fase dos exames nacionais do ensino secundário. As notas de Português e Matemática, as disciplinas mais usadas como provas específicas de ingresso no ensino superior, melhoraram.

Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Educação antes dos exames nacionais do ensino secundário, inscreveram-se nas provas nacionais 159 mil estudantes, dos quais 55% (cerca de 87 mil) tinham a intenção de se candidatar ao ensino superior. Ambos os indicadores são semelhantes aos registados no ano anterior.

Os estudantes que tenham completado o ensino secundário e realizado exames nacionais poderiam ter concorrido ao concurso nacional de acesso até 6 de Agosto. Os resultados da 1.ª fase são conhecidos a 9 de Setembro. Depois disso, em Setembro e Outubro, existem outras duas fases de acesso, em que estão em jogo as vagas sobrantes.

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